António Borges

Soube por noticiários vários do falecimento do Dr. António Borges, conhecido economista que exerceu actividade em vários organismos financeiros internacionais nomeadamente no Banco Mundial, no FMI e na Goldman Sachs, para além, claro, do Banco de Portugal.
Também pertencia ao PSD e diziam que era Social Democrata!
A sua morte era já anunciada, pela doença de que padecia e eu não de…sejava a sua morte, como não desejo a morte de ninguém, goste ou não da pessoa.
O que eu não consigo entender, porventura por ingenuidade minha, é que a pessoas como António Borges, na eminência da morte, não lhes ocorra uma rectrospectiva daquilo que fizeram durante a vida, das decisões e opções que tomaram e das suas consequências para os outros e, perante o reconhecimento íntimo que tal estado deveria pressupor, uma consideração de apresentação de desculpas ou justificações públicas, a todos aqueles que sofreram com as suas opções ou decisões.
Porque, na verdade, nos cargos que ocupou foi directamente responsável e conivente por decisões que eu entendo ” criminosas”:
– O aprisionamento dos estados aos superiores desígnios dessas instituições, a quem usurparam direitos de organização e decisão que são intemporais e conduziram as sociedades ao progresso sustentado, pela instituição de direitos e deveres às sua populações ,
– Pela arregimentação de figuras suas às instituições tanto financeiras, como de regulação e de governação para, em nome dos seus superiores interesses, sujeitarem as suas populações à progressiva pobreza porque, tendo imposto dívida aos estados pela imposição de compras improdutivas, obras faraónicas, guerras infrutíferas etc, lhes impuseram depois condições leoninas quando as suas economias, pela ” gulodice” e “corrupção” dos seus dirigentes, esses mesmos por eles impostos, começaram a soçobrar;
– Pela desnatação dos principais activos desses estados- como Portugal- através de privatizações cirurgicamente programadas, deixando-os sem os seus instrumentos mais rentáveis e de público serviço, entregues ou vendidos sempre aos mesmos, restando a esses mesmos estados menos recursos e, para fazer face à continuidade desse sistema de favorecimento indecoroso a essa “elite” dominadora, empobrecem os seus povos, retirando-lhes elementares direitos, impondo subidas irracionais de
impostos, reduções salariais, perdas de emprego, sonegação de rendimentos etc. etc.
Tantos exemplos mais dessa actividade ” criminosa” poderiam ser dados mas, regressando ao tema :
Não surgirá a pessoas como António Borges, no aproximar da hora final a lucidez de um exame de consciência? É que eu não consigo comparar estas pessoas inteligentes e cultas a outras que não possuem ou possuíam o supremo entendimento de poder dizer ” não”, como os criminosos de guerra, os carrascos, torcionários etc, que também cometeram crimes contra a Humanidade..
E dou por mim a pensar : será que esta maneira de viver e actuar, sendo consciente, obedece a algum conceito de superioridade, a um qualquer desígnio religioso ou de seita em nome da qual actuam… mas qual? O de transformar o mundo em que vivemos um mundo de alguns supremos ” deuses” aos quais obedecem multidões imensas de aguilhotinados servos? Com direito a quê?
Foi em nome disto que a sociedade tanto avançou? Que o saber e as ciências tanto avançaram?
E, considerando-se muitos deles Cristãos e até sociais democratas, não lhes surge a lucidez de um arrependimento?…
PAZ À SUA ALMA

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