Eu, não há muito tempo, sonhei fazer um filme.
Já sabia quem seria o realizador. Sondei-o e prontificou-se.
Os actores seriam, óbviamente, os melhores da praça. Ansiosos por trabalho nem me preocupei em os contactar porque sabia que, em qualquer momento, estalando um dedo, compareceriam. O mesmo para os figurantes.
Os aderecistas, os iluministas, os decoradores, os maquiadore…s, os cenografistas, os sonoplastas, os guarda roupistas etc etc, nem valia a pena: todos sem trabalho, acorreriam sem qualquer esforço…
Tinha uma “sinopse” elaborada e a ideia de um guião, mas faltava-me quem lhe desse forma e… ficou em “stand by”…
o Produtor disse-me que, enquanto não houvesse guião, nada feito e que faltava o financiamento.
Argumentei que tivesse calma que eu trataria de tudo. Que ficasse descansado que, no máximo, numa semana tudo resolveria.
Que não podia esperar, que tinha outros projectos, que tinha que me decidir..
Mas faltava-me o financiador.
Marquei uma reunião, apresentei uma folha Excell, com quadros explicativos, tudo muito sucinto mas compreensível, esclarecedor pensava eu…mas perguntou-me: e o “pilim”? Está assegurado?
Não estava… mas para a semana sim! Estou a aguardar uma resposta e será, sem dúvida, sim e tudo estará resolvido!
Mas não…o pretenso financiador argumentou dúvidas, cenários pouco optimistas, falta de capacidade, a situação, o alheamento do público, a concorrência, o esgotamento…que a ideia era interessante, mas…
Nada feito e…todos me viraram as costas!
E é assim que uma ideia, uma grande ideia acerca de um tema de candente importância, transcendente mesmo…uma ideia luminosa, se desfaz em nada!
Conclusão: Fica tudo na mesma: actores, figurantes, aderecistas, iluministas, decoradores, maquiadores, cenografistas, sonoplastas…todos, todos sem trabalho.
O Produtor, esse sempre arranja alguma coisa e o financiador foi para outras paragens…
À Esquerda do Zero 