A SAÚDE DA BANCA PORTUGUESA (2)

Muito embora poucos dos meus amigos liguem a isto… eu ligo! Por isso já aqui escrevi sobre o tema no dia 13 do corrente mês e volto a escrever, mesmo que não leiam, para registar o que penso e ficar para memória futura!Porque penso que é deveras importante estar atento, estarmos conscientes e meditarmos sobre isto.

Tenho para mim, e isto já é clássico, que,… quando algum Regulador- neste caso o Banco de Portugal- tem necessidade de, recorridamente, vir a público “acalmar” as hostes dizendo que, apesar dos repetidos resultados negativos apresentados, a generalidade da Banca Portuguesa está bem, goza de boa saúde, está capitalizada e pronta a responder aos desafios emergentes… é porque se passará precisamente o inverso!

Passou-se o mesmo antes da crise de 2008 : nos EUA as Agências de Rating davam “Triple A” aos principais Bancos e Companhias de Seguros ( Lemmon Brothers e AIG, por exemplo), da IRLANDA nada se constava e a Banca soçobrou, da ISLÂNDIA ninguém sabia nada, dos Bancos Espanhóis…etc.etc.etc..Estava tudo bem, como convinha!

O certo é que, na realidade, em quase todo o mundo, o crescimento do crédito, dos resultados e dos activos da Banca e Grupos Financeiros se tinha baseado, em parte substancial, na aposta no Imobiliário, nas hipotecas, nos seguros e resseguros sobre as mesmas e na sua imprudente valoração. Como se esse sector se valorizasse eternamente, fosse um “poço sem fundo” e não tivesse que, acima de um determinado ponto- onde a procura não acompanhasse a demasiada oferta- que corrigir e ajustar…agora com as consequências que se sabe.

O que é de realçar é que já no JAPÃO, há vinte anos, se tinha passado o mesmo – em Tóquio, eu lembro-me de ler, o preço do chão, por metro quadrado, numa espiral louca , tinha atingido valores estratosféricos…levando depois o Japão a uma deflação que, decorridos todos estes anos, ainda não foi resolvida!

Mas o Banco de Portugal, depois de afirmar o que já acima citei, sente-se agora na necessidade de acrescentar que os prejuízos da Banca vão continuar, que o negócio da Banca já teve melhores dias, que vão ter que continuar a fazer provisões para o crédito malparado, que vão continuar a ter perdas de rendibilidade e margem financeira ( principalmente pela discrepância entre as taxas de juro praticadas nos créditos à habitação- em que apostaram longa e fortemente- indexados à Euribor e o custo actual do ” Funfing” ( custo dos depósitos captados)…

E acrescenta e pensa que:
– A incerteza sobre o rumo da Economia é o maior risco para a Banca pois, retirando todo o “stock” de crédito alocado às empresas públicas e ao Estado ( obrigações e títulos do tesouro) pouco resta para a economia e para as operações mais rentáveis que as pequenas e médias empresam proporcionam…
– Que as empresas públicas, que em 2012 falharam o tecto de endividamento, são um grande óbice porque não podem deixar de ser apoiadas dada a dimensão do crédito lá colocado…
– Que a redução da actividade económica, implicando geração de menor rendimento e determinando mais falências e incumprimento, para além da rendibilidade, tem impacto na qualidade dos seus activos.

ORA ISTO NÃO SÃO BOAS NOTÍCIAS!

Apesar do Banco de Portugal continuar a dizer que a Banca Portuguesa goza de boa saúde porque ele, em bom tempo, obrigou os Bancos a reforçarem a sua autonomia de capital- rácio de capital, a verdade é que , perante os testes de “STESS” anunciados pelo BCE. a reacção da Banca Portuguesa não tem sido de confiança e alívio.

Estes testes baseiam-se na análise à estrutura dos activos financeiros de cada Banco de modo a classificar o seu grau de solvabilidade e estabilidade perante factores inesperados e exógenos que se lhes possam deparar.

Esse rácio chama-se “COR TIER 1″ e é como referi, um medidor da estabilidade financeira e um indicador para fazer face à tais perdas inesperadas porque, para as perdas esperadas existem, em cada ano, as provisões e os resultados transitados e, por isso. tem que se tratar de capitais permanentes, activos permanentes, em suma. Mas esta estrutura de activos está sujeita a ponderação, em função do risco que apresenta.

E é aqui que a ” porca torce o rabo”! Não basta dizermos que temos activos! Se eles forem “dinheiro” muito bem, mas se não forem… têm que ser remíveis, fácilmente transacionáveis e pouco depreciáveis!

Por alguma razão perante os eminentes Testes de Stress do BCE os Bancos Portugueses andam um pouco “stessados”. E para min isto não é positivo!

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