Como devem ter notado nos “Posts” que aqui publiquei eu não desatei a tecer elogios “ post mortem” a NELSON MANDELA. Limitei-me a dizer que CHORAVA…
Mas, para além da necessária e justa homenagem a um Homem superior, que fez da sua vida um exemplo moral e cívico, não devemos em tudo o resto, principalmente ao nível político, apresentar como excepção aquilo que devia ser normal.
A obrigação de um político é, não deixando de ter presente a resolução do imediato, congregar todo o Povo para a solução do futuro. Ver mais à frente e, agregando vontades, fazendo pontes e conciliando disparidades, promover políticas de sustentabilidade do futuro. De todos, sem excepção.
Porque quando apresentamos alguém como excepção estamos a pôr a nós próprios um carimbo de incompetência! Estamos a confessar a nossa impotência e fraqueza. E falta de coragem. E abdicação. Mandela não inventou nada! Apenas soube encarnar a sabedoria do óbvio, do que deveria ser normal. Promover a paz, a união, a fraternidade… o futuro. Aquilo que no ser Humano devia ser uma normalidade.
Por isso fico boquiaberto quando nos comentários de muitos agentes políticos ouço a frase recorrente: “ Mandela é um exemplo que todos “ DEVERÍAMOS” seguir…”.Mas não dizem “DEVEMOS”…
Que quer isto dizer? Que nem nunca nisso pensaram? Nunca puseram sequer a si próprios a possibilidade de também poderem e deverem? Será uma confissão de que são titubeantes e medrosos? Calculistas? Que só pensam no imediato e no seu próprio interesse? Que assumem a sua cobardia? Que, afinal, dentro da sua aparente mas loquaz sapiência são uns ignorantes e uns incapazes?
São um arremedo de políticos. Também como os Fariseus, deviam ser expulsos do Templo e não deviam invocar o nome de Mandela em vão.
Muitos também dizem: “ GOSTARÍAMOS de ser como ele!”. Mas não dizem “ nós queremos e temos que ser como ele foi..”.
Toda uma inequívoca declaração de inferioridade. Não por Mandela ser uma excepção, mas por falta de capacidade e vontade, esta gente utiliza Mandela como desculpabilização.
Por isso devemos chorar, sim. Mas não devemos endeusar. Devemos é admitir que ele era um ser normal, nós é que somos anormais!