MOVIMENTO 3D ( Pela Dignidade, Pela Democracia e Pelo Desenvolvimento )
A tentação para uma pessoa como eu, espírito livre, de esquerda, não militante de qualquer partido, seria a de apoiar este novel movimento. Até porque tem entre os seus subscritores pessoas que muito admiro tanto a nível cultural, como académico e mesmo político. Como Manuel Carvalho da Silva, Daniel Oliveira e muitos outros.
Mas eu sou conscientemente um tradicional votante na CDU. É verdade que o meu voto resulta mais da exclusão de partes do que do comprometimento ideológico, mas é também verdade que advém, essencialmente, do reconhecimento pela sua luta sempre travada, sem hesitações e sempre digna, responsável, estóica e consequente. E nunca me defraudou! Está sempre na frente das lutas certas e sempre com organização e coerência.
Quando digo ” por exclusão de partes” quero dizer que, vendo o leque da esquerda, não me resta alternativa. Porquê? Porque me demarco, desde logo, do PS. Porque embora reconheça, a nível programático e ideológico, diferenças substanciais com a direita, o PS nunca me convenceu ser, na prática, muito diferente da mesma direita e nunca demonstrou estar interessado em modificar o “status quo” vigente. O PS reparte com a direita a responsabilidade da situação a que chegamos, porque faz parte do mesmo “sistema” : o do bloco central dos interesses. Reparte todo esse “sistema” com a direita. E nem um nem o outro estão dispostos a ceder nas suas prerrogativas e as suas “bases” nunca aceitariam. Uns porque fazem já parte desse “sistema”, através de cargos, de administrações, de posições etc.. e outros porque ambicionam também fazer parte. E porque se revezam no Poder? Porque, como diz Medina Carreira – e aqui não me importo de o citar- o “bolo” não chega para os dois ao mesmo tempo!
Quanto ao Bloco de Esquerda. Aqui eu nunca me deixei levar na tentação de o apoiar, pese algumas questões fracturantes por ele defendidas e que eu apoio. É que sempre o achei um grupo, embora heterogéneo, muito elitista e um “albergue espanhol” de sensibilidades, mas sem representatividade no terreno das lutas sérias. E sem organização competente para as gerir. Sempre achei que o seu caminho seria o da desintegração e esta anacrónica liderança bicéfala a isso vai conduzir e a fuga de figuras relevantes como Daniel Oliveira e Rui Tavares isso comprova.
No que respeita a este movimento, pese englobar na sua gênese pessoas por quem nutro, como disse, especial admiração, não acredito que vá acrescentar algo mais do que a ocupação do terreno perdido pelo Bloco, para além de uma afirmação dessas pessoas nos ” Media”. Poderá entrar algo em franjas do PS, mas não será nunca um movimento agregador e capaz de entrar no eleitorado popular. Mal comparado, vai ter audiência nos canais do Cabo mas não nos generalistas! E se a sua pretensão é conquistar o eleitorado da CDU, para além de achar difícil, entendo não ser positivo e ser, sim, uma má consciência!
Não quero com isto dizer que concordo em tudo com o PC, como por exemplo na sua forma e irredutibilidade, mas tenho que conceder que isso é que o faz forte! Não desilude porque não se desune. Está sempre activo e é, portanto, uma boa consciência.
Se dá para formar governo com o PS? Dará sempre se o PS quiser. O PC sempre demonstrou que sabe cumprir acordos, mesmo com bases mínimas. E que é fiável!
Por isso tem o meu voto e o meu apoio.
Também por isso não subscrevo este Movimento.