Eu sou mesmo um “canastrão” romântico e antiquado! Que se emociona facilmente e não resiste a verter uma lágrima quando, em circunstâncias várias, sente que nem tudo está perdido neste mundo.
Eu não sou muito de ver estes programas da TV ( refiro-me ao FACTOR X ), mas como bom “zappista” que sou, inveterado e irritante mesmo – para quem me acompanha e me concede o comando quando para isso tenho disponibilidade – e já agora convém, em minha defesa, dizer que fazer ” zapping” tem o seu quê de elevação e quer dizer muita coisa, como insatisfação, sentido crítico, impaciência e desejo de melhor, de ser abrangente e abarcar outros conhecimentos e quer dizer, essencialmente, que face ao pouco tempo disponível e à quantidade enorme de canais e temas ao dispor, remete para um inequívoco aumento da minha cultura geral- de algum tempo a esta parte, dei por mim a seguir o FACTOR X, porque aí descobri um “Puto” de 16 anos- Dezasseis Anos, que me interessou!
Eu não sei se o “Puto” tem ou não o tal Factor X mas, para mim e logo que o vi, demonstrou ter um outro factor ou factores, estes de transcendência ainda superior, a saber: o da sensibilidade, da inteligência, da boa formação, da atenção, da consciência e, acima de tudo, da maturidade e sensatez, num “Puto” de 16 anos! Que gosta de RAP e faz as próprias Letras. Cada uma delas com uma história, uma dedicatória ou um comentário. Integradas, colocadas e perfeitamente medidas em músicas já existentes. Letras essas que são agrestes algumas, melancólicas outras, realistas e cotidianas e mesmo pungentes, outras ainda, e fiquei tão deslumbrado, porque de difícil entendimento num ” Puto” de 16 anos, que passei a ver, todos os domingos à noite e quando possível, a segui-lo.
Nesta fase final, a das Galas, ele fez sempre duas Letras por semana. E decorou, encaixou na música, ensaiou e cantou e eu passei a admirar profundamente este ” Puto”. Diogo de seu nome. De 16 anos e do Porto, como tinha que ser! E criado e educado pela Mãe e pela Avó ( a mulher da sua vida, como escreveu numa Letra) pois o Pai desapareceu. Foi-se da sua vida… para outras vidas. Abandonou-o, em suma.
E para hoje, para a Gala de hoje em que se definiam os três finalistas, o DIOGO ( D8) fez uma Letra, esta pungente, em que pergunta ao Pai : Porquê? E disserta acerca dos sonhos abandonados…mas, no fim, ele acaba a Letra dizendo que, mesmo assim, todos os a nos celebra o dia do Pai, do seu Pai! Claro que chorei copiosamente…
E chorei, não só pela Letra em si, mas pela sua Grandeza, pela profundidade e clareza de sentimentos, pela sua Humanidade e pelo seu discernimento. Enorme ” Puto”, DIOGO, de seu nome. D8!
E fez-me cair em mim, eu que sou tão crítico de certa juventude, daquela por exemplo que ultimamente muito tem sido falada, e fez-me pensar o quanto injusto sou : porque é que eu não olho para o meu exemplo, da minha família e dos meus filhos, e não sou capaz de pensar que há muita gente assim, talvez a maioria e eu, e nós, tendemos sempre a olhar para a árvore em vez de olhar para a a floresta?
E, parafraseando Bernardo Santareno, concluo : ” Nem tudo está podre no Reino da Dinamarca”!