BES- AGUENTARÁ PORTUGAL UM NOVO, MAS MUITO MAIOR, BPN?

Como já aqui escrevi, não há melhor memória que a escrita e publicada.

No caso da ” Saúde da Banca Portuguesa” e neste caso do BES, eu já escrevi várias vezes, em textos aqui publicados e intitulados precisamente ” A Saúde da Banca Portuguesa, 1-2 e 3, respectivamente nos dias 13/11 e 28/11/2013 e 11/02/2014.

Este último foi escrito na sequência de uma notícia lida no “SOL” dessa semana que dizia : ” Governo preocupado com as contas do BES”.

Este assunto não é, portanto, novo, já estava em combustão, mas depois e últimamente transformou-se numa enorme labareda. Contudo, na sequência dos meus textos referidos, não é unicamente o caso do BES que me preocupa, embora este, pela sua dimensão e amplitude e pela projecção internacional que adquiriu possa atingir patamares de catástrofe, para além de implicações diversas e risco de contágio latentes.

E quando digo que não é só o caso do BES que me preocupa, refiro-o porque, sendo este caso paradigmático, ele é o reflexo do que foi o crescimento da Banca e dos Grupos Económicos em Portugal e das empresas que à volta deles gravitam : crescimento assente básicamente no crédito, no endividamento portanto, que durante anos e anos foi baratíssimo e abundante, com fraca capitalização bolsista e rácios de capital exíguos. E com o crédito fácil e barato, a constituição de um sem numero de sociedades, dependentes deles mas suporte para operações fictícias porque não assentes em capital capital mas em capital virtual, porque o Banco emprestava à sociedade e a sociedade entrava no Banco com o capital que lhe fora emprestado, com a desvirtuação dos Balanços com a valorização de activos que depois se demonstrou ser errónea, mas dados como garantia para operações de obtenção de fundos, a crise financeira e do imobiliário vieram demonstrar que o referido crescimento estava assente em premissas de fraca solidez e altamente susceptíveis a correcções dos Mercados.

E foi o que sucedeu! Mas este problema, afectando em primeiro lugar a Banca, que também durante muito tempo transportou para a sua clientela ( empresas) esses conceitos, afectou por contágio muitas empresas dos sectores mais expostos ( Construção Civil e Obras Públicas, por exemplo), altamente endividadas e incapazes de encontrar soluções alternativas para o endividamento que apresentavam, tendo muitas inexoravelmente insolvido.

Ora o nosso tecido empresarial, tanto nas aquisições, como nas fusões e privatizações, teve sempre nessas operações de ganhos de massa crítica a Banca como principal âncora, e o BES neste aspecto teve sempre um papel pioneiro tomando firme muitas dessas operações, tornando-se refém dessa mesma Banca e esta refém de um ” modus faciendi” que, mais tarde, se viria a mostrar ruinoso.

Acrescentando a tudo o referido o facto de grandes “stocks” de crédito estarem ” adormecidos” nas grandes empresas públicas e grandes disponibilidades concentradas numa dívida pública de diminuta rendibilidade, dá para perceber as razões pelas quais eu duvidava das afirmações do Governador do Banco de Portugal quando veio repetidas vezes a público atestar da boa saúde da Banca Portuguesa e dizia que quando um Regulador se sente na necessidade de vir a público proferir essas afirmações é porque a situação é precisamente a contrária.E, como diz o Povo, não há fumo sem fogo!

Claro que o perigo de contágio é evidente e só admira que o Governo meta a cabeça debaixo da areia e finja não ser nada com ele. Será que, como sempre, se vai ” chutar” o problema para a frente esperando que a situação melhore e tudo passe despercebido? Só que, nestes casos como noutros, a arrogância é sempre má conselheira e segundo afirmações hoje proferidas por Fernando Ulrich ” o mal foi saber-se e publicar-se notícias”! Para ele ” os jornalistas é que são os responsáveis pela tempestade perfeita que se avizinha”!

Mas eu não vou cair na tentação de lhe devolver o ” Aguenta Aguenta”, pois seria irresponsável dado este assunto nos tocar a todos, mas o ” desastre comunicacional” de que ele fala não é o responsável por esta triste situação : é a irresponsabilidade da Banca e da grande maioria dos seus gestores durante anos e anos a fio, mas sempre premiados com elevadas indemnizações e pornográficas pensões, da facilidade com que se endividaram e ” endividaram” os Portugueses e da imprudência das suas gestões sempre contracíclicas. Cabe aqui, por justa, referir uma excepção: Nuno Amado, antes Santander e agora BCP.

E, por último, na sua arrogância e estupidez insanas, dá-se ao desplante de afirmar que ” já se sabe que há um problema grande, mas não é na Banca e no BES”. Não é? Então é onde?

Passos Coelho, que não sabe o que há-de dizer, diz que não tem nada a ver com o BES. Não tem? Ora essa! Por acaso os juros da dívida não começaram a subir? Por acaso as Bolsas internacionais não se ressentiram? Por acaso a nossa reputação não está em causa? Por acaso isto não poderá afectar o ” Rating” da República? A nossa economia? o nosso Sistema Bancário? Etc.Etc.Etc?

Enfim, temo o pior…

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