O Maior C.D.T. ( Culpado Disto Tudo )

Depois do D.D.T. ( Dono Disto Tudo), acerca do qual já profusamente escrevi, dado o crescente e aparentemente inexorável desmoronar desta “ República”, do desmantelamento progressivo dos centros de decisão nacionais, sejam eles o Sistema Financeiro (Bancos), Empresas Estratégicas ou seja ele o próprio Estado como regulador e impulsionador destes centros
para benefício de todos, é urgente um exercício de interpretação e definição de sabermos onde tudo isto começou, por quem começou e como começou e identificarmos quem, durante estes quarenta anos foi o rosto mais visível deste descalabro. O verdadeiro C.D.T. ( Culpado Disto Tudo).

“Azar dos Távoras”, dizia há muito pouco tempo e muito acertivamente CARLOS DO CARMO, quando identificou ANÍBAL CAVACO SILVA como esse principal elemento de azar que nos calhou em sorte.

Eu também o nomeio e no texto que segue vou-me dirigir directamente ao cidadão Aníbal Cavaco Silva a quem, muito respeitosamente, tratarei por Sr. Prof.Ponto!Assim segue….

O Sr. Prof. também é António, eu sei, mas isso eu vou omitir, porque é um nome a mais no seu já extenso nome. É que também existem muitos mais Antónios, e alguns na minha Família, mas estes não foram dados pelas mesmas razões, tenho a certeza, que o seu foi. Por isso o omito, se me dá licença.

Pelo que me tem sido dado a conhecer da sua trajectória de vida, o Sr. Prof. é filho de um gasolineiro. Um homem pacato e temente a Deus e a Salazar, de classe remediada e, por isso, o Sr. Prof. teve o sortilégio que eu, por exemplo, não tive : o de poder estudar, calmamente estudar sem nada lhe faltar e sem ter que ir para um Seminário, como eu fui e felizmente fui.

Seguindo as pegadas do seu pai, crente e temente a Deus , também o Sr. Prof. se tornou temente do Salazar e do seu regime. Como consta daquela sua ficha da PIDE onde o Sr. Prof. informa por escrito e com letra sua que “não exerce qualquer actividade política e…se encontra integrado dentro do actual regime político”. O da altura, claro! Estamos entendidos, portanto: plenamente integrado e aquiescente com o regime de então.

Claro que este aspecto resulta muito da tradição, seja ela familiar ou económica ou seja ela o que for, mas mostra e demonstra TEMOR e MEDO. Medo que a sua vida calma e pacata, onde tudo o resto ao lado passava, fosse inquietada por atitudes ou posições menos sensatas. Completamente integrado no Regime, portanto.

Mas o Sr. Prof., para além de TEMEROSO era também PRECONCEITUOSO e MEDROSO. É que também na referida ficha o Sr. Prof. informa que não se relacionava com o seu sogro porque ele “ era casado segunda vez” e o Sr. Prof. “tinha medo que vissem com maus olhos esse seu relacionamento”. O Sr. Prof. abjurou o seu sogro?Eu até me custa a crer Sr. Prof. mas eu li isto num sítio público e quem o publicou tem nome. Fantástico! O Sr. Prof. era ( e é) um homem à antiga mesmo. Mas sem CARACTER nem PROBIDADE. Diz essa mesma publicação. Mas a verdade, Sr. Prof., é que tudo isto se veio a confirmar em todo o seu esplendor anos mais tarde e até aos dias de hoje.

No entanto os anos foram seguindo a sua marcha normal e o Sr. Prof. doutorou-se em Inglaterra e, sendo filho de um simples gasolineiro, teve que ter algum mérito pois foi de imediato para o lugar mais apetecível para começo de vida : o Banco de Portugal. Onde não esteve muito tempo mas de onde, como todos os outros, recebe uma choruda pensão. Mas dizem os seus críticos que não se envolvia em nada, tirava sempre o capote de tudo o que fosse mais polémico e desviava sempre o corpo quando algo o poderia comprometer. Falam da sua ausência, apesar de ter sido Ministro das Finanças, aquando da primeira vinda do FMI. CALCULISTA, Certo?

Mas o certo é que anos mais tarde, quando tranquilamente foi até à Figueira da Foz rodar o seu Citroen novo, foi empurrado para Presidente do PPD. Aí, mais uma vez, calculista e medroso, só avançou quando pressentiu que aquela turbe exangue de intestinais guerras, desmobilizada, carente, descrente e sem rumo precisava de um Salvador. E ali estava o Sr. Dr. mais a sua esfíngica figura a tornar-se dono daquilo tudo e começar a mostrar o seu lado AUTOCRÁTICO e FANFARRÃO : “nunca tenho dúvidas e raramente me engano”. Teve um primeiro governo de minoria, mas como o Sr. Dr. democraticamente não aceitava governar em minoria, alguém lhe entregou a maioria de mão beijada. E aí começou, então, a dar mostras de outra sua qualidade : a da ARROGÂNCIA. “ Deixem-me trabalhar, deixem-me trabalhar…”, dizia o Sr. Prof. para a oposição a quem, também democraticamente, chamava de “ forças de bloqueio”.

Mas sortudo como é, por ser filho de um gasolineiro, começou a receber “ pipas de massa” da CEE e aí foi o”regabofe”, o destempero, o devaneio, a loucura! O “ El Dorado” instalou-se e foi uma orgia sem nome. Os anos mais loucos de que me lembro. Dinheiro a rodo, todo o mundo jogava na Bolsa numa espiral sem fim, era o Capitalismo na sua máxima essência, alimentado por “ Yupies” recém formados e convertidos à Escola de Chicago do mestre Milton Friedman, tempos do Liberalismo que dizia que o Mercado tudo regulava e a quem o Reagan e a Tatcher davam corpo e alma. E lembra-se Sr. Prof. O que aconteceu? É que quando acordou disposto a acabar com toda aquela diversão e pronunciou a célebre frase “ Anda-se a vender gato por lebre” , lembra-se do que aconteceu no dia seguinte? Milhões e Milhões passaram das mãos de pequenos aforradores e investidores para as mãos de meia dúzia de tubarões que, depois, se tornaram nos donos disto tudo!

Este foi o seu primeiro grande feito. Feito de espírito de Classe e amizade pura. Eles engordaram, criaram Bancos, compraram Bancos, inventaram “ Offshores”, tornaram-se empreiteiros e começaram a desnatar o Estado. O Sr. Prof. mandou fazer o IP5 que depois teve que ser refeito, o Centro Cultural de Belém que custou quatro vezes mais e mais pontes e auto-estradas. Que custavam sempre o dobro do orçamentado! É aí está outro grande feito do Sr. Prof. : instituiu os “ trabalhos a mais”. E eles engordaram, engordaram e depois, reconhecidos, levaram-no em ombros para mais uma maioria.

Uma série de ” rufias” que o Sr. Prof. sempre protegeu. E eles agora andam por aí, uns presos, outros foragidos e outros em via de o serem. E o Sr. Prof. não se envergonha? Nem uma palavra de solidariedade lhes dá? Claro que isso poderia prejudicar, como no antigamente, o seu conceito. Não lhe convém não é? E aí estão mais algumas facetas do seu carácter, para além de todas as outras: o EGOÍSMO, o EGOCENTRISMO e a INSENSIBILIDADE, características estas da sua personalidade que se foram evidenciando ao longo do tempo, sempre e cada vez mais.

Mas ao fim de dez longos anos, uma eternidade para nós, o Sr. Prof. lá saiu do Governo e fez uma travessia no deserto. É muito embora alguns dos seus fiéis apaniguados digam que aqueles dez anos foram os melhores anos da nossa História e o Sr. Prof. o melhor PM de sempre, aquela década foi, sim, a década perdida. A década onde tudo se desbaratou. Depois continuamos a receber, sim, mas começamos a pagar. E o que ficou? A Pesca desmantelada. A Agricultura acabada. A Indústria não reformulada. É um Estado gordo, inchado. E como ficou o Sr. Prof.? Mais rico, claro, mas cada vez mais SERÁFICO e PUSILÂNIME!

É certo que depois de ter tentado ser PR e perdido contra Sampaio lá conseguiu satisfazer o sonho da sua Maria: ser Primeira Dama. Sim, porque o Sr. Prof. Presidente, na verdadeira acessão da palavra, nunca foi. E aí veio ao de cima e de maneira esplendorosa o que o Sr. Prof. verdadeiramente é: NADA! N.A.D.A.! Um PUSILÂNIME. O que fez ao Governo Sócrates é de uma falta de sentido de Estado sem qualificativo. Nos seus ódios e na vingança cega fez coisas inomináveis. O caso das “Escutas”, por exemplo. Isso é lá coisa de um PR? Quanto muito de um reles…enfim. Mas o seu mentor Chefe da Casa Civil, que com o seu conluio urdiu a trapaça, foi promovido, num acto repulsivo de falta de…CARÁCTER e SOBERBA!

Mas o Sr. Prof. a sua senda de inanidades e, mesmo tendo sido reeleito com a menor percentagem de sempre numa eleição para PR, não se coibiu de fazer o discurso mais vil e vingativo de que há memória. E aí traçou mais uma marcada faceta da sua personalidade: o RANCOR! Já havia sérias dúvidas mas, a partir daí, a maioria dos Portugueses deixou de ser por si representada. Mas, então, com a tomada de posse deste Governo caiu-lhe a máscara: tornou-se um Presidente de facção, o Presidente deste Governo. Que figura Sr. Prof. para quem pretende ser o mais alto dignatário da Nação!

Mas o Sr. Prof. nem se ri de si próprio porque, simplesmente, não sabe rir. É muito sério, diz o Sr. Prof. e alguém, para ser tão sério que o Sr. Prof., teria que nascer duas vezes! Eu, no entanto, aconselhava-o a nascer mais uma vez a ver se aprendia a rir, mas duvido que tivesse sucesso. Mas isso revela mais uma faceta do seu carácter: à MESQUINHEZ!

MESQUINHEZ que se revelou à saciedade quando, numa decisão insólita e incompreensiva, recusou atribuir uma simples pensão a SALGUEIRO MAIA, ao mesmo tempo que aceitou atribuí-las a dois ex-pides! Que dizer? Um desmando? Uma infelicidade? Não: falou mais alto o seu “ saudosismo” e o seu coração de “ António…Salazar”. Quanto a SARAMAGO e mais recentemente a CARLOS DO CARMO nem sequer comento, porque demonstram mais uma faceta dossel carácter: o RESSENTIMENTO! Mas talvez estes casos revelem mais: revelam INSIGNIFICÂNCIA e MALVADEZ!

No entanto o SR. Prof. mesmo sabendo que de Portugal representa apenas uma parte, acha-se muito e desata a mandar AVISOS sempre que discursa. Avisos de circunstância, daqueles que entram por um ouvido e saem pelo outro, mas que obedecem a um propósito maquiavélico: ficam para memória futura para que, em correndo mal, possa dizer: eu avisei! Do óbvio, claro, mas não são precisos avisos para o que é óbvio.

Mas profere também sentenças e diz que quando as profere é porque estudou tudo, estudou tudo até à exaustão, aconselhou-se profundamente por sábios conselheiros e os melhores dos pares e que tem tudo muito, mas muito bem fundamentado! Como no caso do BES, não foi Sr. Prof.? Mas aí revelou mais umas facetas do seu carácter: a SOBERBA e a INSENSATEZ! Que não foi suficientemente informado diz o Sr. Prof. daquele em quem confia cegamente a ponto de ter dito “ O Sr. Primeiro Ministro garantiu-me que…”, lembra-se Sr. Prof.?, ao que este asperamente respondeu: “ se não foi mais informado foi porque não quis…”. Mas em que ficamos Sr. Prof.? Estuda ou faz de conta? Informa-se ou não se informa? Sabe, porventura,o que aconteceu com o seu aconselhamento? Muita gente perdeu dinheiro no último aumento de capital e em que o Sr. Prof. é o culpado! Alguns até o disseram publicamente como, por exemplo, Pinto da Costa e o Ricardo Araújo Pereira. Eu sei que eles foram um bocado “ pacóvios” mas já viu para que servem os seus conselhos? Para nada! Quando fala só atrapalha, é o que é.

Mas se só fala quando está muito bem informado é porque não pensa pela sua cabeça e na minha terra chama-se a isso “ fazer figura de urso”. Foi precisamente Sr. Prof. aquilo que o Sr. Fez! Mas o Sr. Prof. profere aquelas sentenças todas com aquele seu ar pungente e doloroso, aquela pose austera e rectilínea, com aquela sua aura de rigidez intangível, de seriedade e profundidade mas…já não cola. Aquele Povo que via em si um ser longínquo e inacessível, frugal e probo vê agora um ser seráfico e ressentido a quem já não ligam qualquer importância. Ainda hoje estava a seguir a Quadratura do Círculo e o segundo tema era comentarem o seu discurso do 5 de Outubro. Perguntados se queriam dissertar sobre este tema ou continuarem com outros…quiseram continuar com os outros! Imagine só! É que o Povo o que gostava era de um Presidente que risse, que gargalhasse, que contasse anedotas, que andasse à vontade na rua, que dissesse uma asneira, que bebesse um copo e fumasse nem que fosse um charutito…mas não, o que ele vê é um tipo teso e formatado onde “ não bate a cota com a perdigota”. Vêm um ser encurralado nos seus preconceitos, avesso à modernidade. É tudo verdade Sr. Prof. como é verdade que vive atormentado com as suas memórias. Se as for escrever escreve o quê? É isso atormenta-o, porque vai ficar na História pelos cargos que ocupou e nada pelo que fez.

Ainda agora, agora recentemente, perante a gravíssima situação por que passamos que ouvimos de si? Nada, nada de relevante. Apenas avisa que o sistema partidário pode implodir, e o Sr. Prof. apela a que eles se unam num só, assim como antigamente, não é Sr. Prof. ?

Quando o prestígio das Instituições e neste caso um pilar do sistema democrático se encontra à deriva, que é que o Sr. Prof. diz? Nada! Falo da Justiça como falo da Educação. Já disse ao PM que é insustentável a manutenção de ambos os Ministros? AH. Já sei : O Senhor Primeiro Ministro deu-lhe a palavra de honra que tudo está bem e resolvido! Francamente Sr. Prof.. Então suspende-se a Justiça e o Sr. Prof., o mais alto dignatário da Nação não tem nada a dizer? Está a recolher informação para depois avisar?
O Sr. Prof. que diz ser tão sensível lê, como todos lemos mas o Sr. Prof. tem mais obrigação de saber porque o informam de tudo, que 45 mil Portugueses deixaram de receberão RMI, que mais 45 mil deixaram de receber Abono de Família, que 460 mil desempregados não recebem Subsídio de Desemprego, que mais de 50 mil idosos deixaram de receber o Complemento Solidário e o Sr.Prof. que é por definição o maior responsável desta nossa Pátria não diz nada? Não avisa o Governo, como fazia no tempo do Sócrates quando os números da exclusão e da arbitrariedade eram uma brincadeira à beira destes e até apelava ao levantamento cívico?

Não lhe ocorre mesmo nada Sr. Prof.? Olhe, eu ocorre-me dar-lhe um conselho: emigre para as Selvagens porque aí sim: aí protege a nossa soberania! Ou então fale, denuncie, expie os seus pecados porque senão ficará na História como o do título desta crónica. Ainda irá a tempo?

Acabo com duas frases de um poema do Mário Cesariny ( Pena Capital), para que nelas pense…

“Entre nós e as palavras, os emparedados
E entre nós e as palavras, o nosso dever falar.”

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