A MANIFESTAÇÃO DA HIPOCRISIA!

À frente da populaça que desprezam aí vão eles carregados de preto. Os Coelhos e as Coelhas, os Hollandes e os Habbas, os Junckers e os Vulcanos, as Merckels e os Camarões, a inconseguida e uns vilões, a marchar, na cidade luz e da Liberdade, pela Liberdade, eles dizem. Porque são todos “ CHARLIE”? Qual “ CHARLIE” qual carapuça! Tal como eu eles desconheciam de todo ! Estão a marchar de medo porque o problema lhes caiu em cima, lhes chegou à porta! Pelo problema que criaram, que alimentam e do qual são, agora, reféns.

Mataram, num crime hediondo e abjecto, condenável, criticável, horrendo e ostensivamente provocatório 12 jornalistas. Foram estes como poderiam ter sido outros. Não está, no meu entender, em causa o que desenhavam e publicavam. Tantos fazem o mesmo! Foram estes, como exemplo, como sinal e como alvo. Ao atingi-los batiam de modo indelével no cerne da nossa maneira de viver e de estar : na tolerância, tolerância que é, como muito bem ouvi dizer Adriano Moreira, “ a aceitação daquilo que não gostamos”.

Que anualmente morram ou sejam assassinados dezenas e dezenas de jornalistas por esse mundo fora, em nome da liberdade de informar, numa luta muitas vezes brava e solitária para levar ao mundo o conhecimento do horror, para que esse mesmo mundo sinta a suprema necessidade de alterar o seu rumo, isso nada importa. Passa-se longe! São sempre danos colaterais. Quem os manda ir?

Que morram milhares e milhares de inocentes, homens, mulheres, velhos e crianças em sucessivos atentados no Iraque e por esse mundo fora, pouco lhes importa. Importa é quando chega à porta! Aí já são todos “ CHARLIE” e pela Liberdade. Que na África Central morram dezenas  e dezenas de milhar de pessoas em conflitos por eles provocados ( quem os arma?), que morram anualmente dezenas e dezenas de pobres homens, mulheres e crianças que desesperadamente rumam a Lampeduza em busca de algum sinal de luz para as suas vidas, isso pouco lhes importa !Que desesperadamente, segundo me contou a minha filha que lá viveu, muitas e muitas pessoas se atirem para a linha do Metro de Paris para morrer de desesperança, isso não importa a Hollande nem a ninguém. As próprias pessoas que lá estão fiacam indiferentes. São apenas negros, pretos e infelizes que tiveram o azar de nascer onde nasceram. E nasceram longe.Mas por esses nunca marcharam.

Marcham pelo medo, pelo medo que lhes bateu à porta. Marcham pela Liberdade, eles dizem, carregados de preto e saudando-se, com beijos e apertados abraços. Abraços de medo!

Pela Liberdade de expressão, de opinião, de ouvir, de escrever, de vestir ( usar  véus nem por isso e de despir também não) …por essa Liberdade. A Liberdade por nós assumida e pela qual aí, aí sim, somos intolerantes. E para que a Democracia continue como é, com as suas regras e os seus custos, para a preservação das Instituições, essas Instituições que tudo regem e que eles dominam e onde reinam…em nome da Democracia e da Liberdade. E que a populaça que vai atrás legitima!

E vão todos abraçar Hollande, o anfitrião desta vez. E vão dizer-lhe, pesarosos, “ Estamos contigo! E tudo o que precisares é só dizer…”, como se diz sempre em qualquer velório. No fim vão rir uns com os outros, vão trocar piadas e vão tirar fotografias com ar grave porque aí tem que ser. E que foi uma afirmação inequívoca da amor pela Liberdade. Mas, caramba, quem os arma, afinal?

Mas a mim, que hoje não sou “ CHARLIE” coisíssima nenhuma, a participação desta gente nesta marcha causa-me enjoo e estou a escrever antes dela acontecer e desde já afirmo que não a vou ver. A ver vejo Futebol! É oportunista e um “ lavar de alma”. E é duma suprema incongruência , como antes inferi.

O que eu gostava e ansiava era que marchassem pelas LIBERDADES! Por essas a populaça que vem atrás também marcha. Mas esses são número, são a componente que lhes convém porque eles vão à frente, eles vão, de braço dado,  a liderar. O que lhes interessa é que sejam muitos, mas muitos mesmo, para melhor legitimarem a sua liderança. Mas estão ali por motivos opostos e daí o seu oportunismo ser ainda mais execrável.

Mas dessas LIBERDADES, as que verdadeiramente nos interessam, não excluindo, claro, a Liberdade pela qual marcham, eles alheiam-se. Da falta dessas que são a profunda causa destas coisas acontecerem. Eles marcham pela tolerância mas não são intolerantes, porque não são intolerantes pelas coisas que são justas e fazem ou deviam fazer sempre e incondicionalmente parte daquilo que deveria constar dos seus cadernos de encargos enquanto governantes : Promover a Paz. O Pão para todos. A Educação universal e gratuita. A Saúde inclusiva e não exclusiva. A Habitação condigna e a Igualdade. Sim, a Igualdade.

Mas por estas LIBERDADES eles não marcham. Estas eles comprimem, diminuem e extinguem…

O meu repúdio absoluto e inequívoco!

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