PARA QUÊ FALAR DE GENTE MENOR?

 

Vinte dias após as eleições Gregas as sondagens apontam para um grande reforço do SYRIZA, com maioria absoluta clara, e uma grande aprovação do povo Grego pelo caminho até agora trilhado pelos seus dirigentes.

Isto dá a entender que nem os próprios Gregos, habituados desde há muito a ser governados por “ paus mandados”, esperavam tão firme e competente actuação. E vai mostrando também cada vez com mais clareza que aquilo que antes era desespero, depois traduzido em voto, se vai transformando em confiança, em esperança e, acima de tudo, em orgulho pátrio.

MIKIS THEODORAKIS, o mundialmente conhecido compositor e maestro Grego, fala no seu Blog de um autêntico milagre e apela às profundezas da sua memória para encontrar tamanha exaltação do Povo Grego perante os poderosos, de quem foram quase sempre simples “capachos”, próprio de gente de país de segunda classe. E sente orgulho numa nação que levantou a cabeça a ponto de, segundo ele diz, ter ficado até “ mais alta”!

E a verdade é que em três semanas, três curtas mas incisivas semanas, a Europa parece em mudança. De repente tudo está a mudar. O que era imutável e inquestionável passou a ser contraditado e o que parecia impossível e inalcançável passou a estar ali ao alcance de uma mão. Porquê? Porque se ousou questionar e apresentar propostas diferentes que, apesar de não serem inovadoras  nunca ousaram testar, em contraponto com as que têm sido seguidas,  que têm dado insatisfatórios resultados e não mostram possibilidades de os bons alguma vez alcançar. Apesar da contínua intransigência de muitos, a grande maioria até, mas que agora já aceita conversar.

Os avanços alcançados pelos negociadores Gregos, nomeadamente os mais carismáticos TSIPRAS e VAROUFAKIS, têm sido apreciáveis e pode mesmo afirmar-se que daqui para a frente já nada vai ser como era.

E a vida também nos mostra peripécias e sortilégios insondáveis, coisas que nos surpreendem  e fenómenos que nunca esperávamos mas que realmente acontecem e tudo mudam ou perturbam. Então não é que VAROUFAKIS, o tipo do tal pequeno, dependente, ostracizado e endividado País, que vai representar esse País nas duras negociações com todas essas poderosas entidades, coincidência das coincidências, é afinal um tipo enorme, de aspecto despreocupado, mas inteligente e sabedor, firme e de olhar intimidador, logo por todos considerado uma “ STAR”, uma estrela de cinema, assim um Bruce Willis disposto a defender um arranha céus e até um “ Sex Symbol”? Ironia das ironias, não é? A Merckel, com medo de pecar, recusou recebê-lo, mas à Lagarde quase lhe deu um chilique e, como muito graciosamente apreciou o nosso Amigo Bruno Debrum, “ Pela primeira vez humedeceu…!”.

É que ele, com o à vontade de quem sabe o que está a propor, com o desprendimento que advém da sua segurança e certo da falácia das doutrinas por eles impostas e responsáveis pela ruina do seu País, ousou confrontá-los com essa realidade e com uma alternativa, outra maneira de agir que eles, no fundo, já conheciam mas nunca quiseram sequer tentar. E não é que tiveram que o ouvir? E não é que também tiveram que o ouvir recordando-lhes a posição geoestratégica do seu País e que a empurrarem-nos para um beco tudo aquilo que eles lhes venderam e financiaram ( submarinos, aviões de combate, fragatas, navios de guerra, tudo…) poderiam voltar-se contra eles? E não é que eles pediram tempo para pensar?

Pois é, tudo está a mudar. OBAMA, inteligente como todos sabemos, logo descortinou ali uma possibilidade e oportunidade e, de imediato, manifestou a sua solidariedade ao Povo Grego e ao seu novo governo, indicando que, a não haver acordo com aqueles arrogantes cinzentões do Euro Grupo, ele estaria ali pronto a ajudar. Marcou pontos, claro, e os ditos cujos ainda falaram grosso para não perder a face, mas depois aceitaram negociar e, depois ainda, adiaram posição definitiva para acertarem cedências mútuas.

Os ganhos obtidos para a Grécia são insofismáveis e para a Europa também, não tenhamos dúvidas.

Mas há por aí quem não se conforme. Os do costume: Nós, Espanha… aqueles que viveram anos e anos com um cabresto , dele a certa altura se libertaram mas que agora, com estes tristes governantes, voltaram a desgraçadamente usar. Gente menor…

Mas para quê falar, portanto, desta gente menor?

Mas não se conformam porquê? Porque têm medo que eles tenham razão e que esta alteração e mudança de paradigma em marcha sejam sinónimos de fracasso da “ ideologia de austeridade” que professaram e professam? E que caiam por terra todos os mitos criados, como os da inevitabilidade e ausência de alternativas? E que, ainda, passe ao esquecimento o seu estatuto de “ bom aluno”?

Ele, Passos Coelho, e o seu CEO, Cavaco Silva, ambos dirigentes de um Partido bicéfalo, o PSD, recusam-se a aceitar as evidências, as tais evidências que até VITOR BENTO, ainda seu conselheiro, já viu, exprimiu e concluiu:

– Que após seis anos de crise a Zona Euro está pior;

– Que o seu mau desempenho não era inevitável e poderia ter sido melhor,

– Que se não foi melhor tal decorre do seguimento de uma política económica desadequada…

–  …que provocou o empobrecimento de toda a Zona ;

– Que os custos do ajustamento atingiu essencialmente os países mais pobres e que, finalmente..

– …Então, perante o errado, para quê insistir?

E para quê, então, falar de gente menor?

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