ASSIM NÃO DÁ, ANTÓNIO COSTA! ASSIM NÃO DÁ!

Peço-te antes de mais desculpa mas vou tratar-te por “ tu” pois, entre camaradas, foi assim que eu fui habituado. E vou começar pelo fim, que é como quem diz, pela última “trapalhada” em que te meteste E quero dizer-te também que eu até já tinha escrevinhado muitas destas linhas mas estava sempre à espera

que tu dissesses algo de relevante. As coisas sucediam à nossa volta, o furacão Varoufakis pôs tudo em rebuliço, os representantes Portugueses deram numa de “ feitores”, de “ capatazes” e outras coisas de “ases” e fizeram um ajoelhanço ainda mais estrondoso que o do teu Jesus, pois o deste ao menos foi genuíno, e tu…sempre à espera. E nós também. Até que os olhinhos em bico dos “chinocas” te obrigaram a um valente espalhanço.

Que se passa contigo António? Ensandeceste, foi? Já te julgas em S. Bento ou não consegues despir a pele de Presidente de todos os Lisboetas, é certo que de uns mais que de outros, e desatas a glorificar o País como se ele fosse Lisboa, para que os teus recatados ouvintes Chineses comprem mais casas, mais apartamentos, mais hotéis, mais motéis, mais hostéis e, vamos simplificar, mais ruas? Em Lisboa, bem entendido.

Que estamos diferentes em relação a 2010! Uma evidência. Que podem investir à vontade pois continuamos um País de bons costumes e gente ordeira? Outra evidência. Que estamos melhores? Só se for em Lisboa, mas que poderias tu dizer de diferente?

Claro que os apaniguados do Governo logo rejubilaram e até gabaram o teu patriotismo pois não tiveste medo de dizer a verdade, segundo eles. A sua, deles, verdade: que Portugal está muito melhor, corroborando a tirada do outro : Portugal está, os Portugueses é que não. Mas tu, valha a verdade, tu não te referiste aos Portugueses, tu disseste apenas e só Portugal. Tu disseste-lhes que o ambiente está bom, que o sol insiste em brilhar, que Lisboa continua a abarrotar e tudo isso para eles virem, para não comprarem só as nossas mais emblemáticas empresas, mas virem instalar-se e fazerem do ano da Cabra o da limpeza de todo o resto de forragem e grainha ainda existentes.

Porque, realmente, para o efeito, que interessam os Portugueses? Eles querem é saber do ambiente, das facilidades etc., e tu aí foste mesmo patriota e prestaste um bom serviço a Portugal e ao…Governo. E eles que só fazem —–, e da mais fedorenta, estão convencidos e querem convencer-nos que a deles é que é cheirosa! E tu parece que ainda ajudas à Missa.

E os do teu Partido, todos aqueles que sobre ti sempre mantiveram um pé atrás, não te perdoaram e vieram logo a terreiro dizer que assim não pode ser. Mas que queriam eles? Queriam que dissesses aos “ chinocas”  “ não invistam porque estes governantes são uma cambada de incompetentes” e os afugentasses? Para depois, se fores eleito, ires atrás deles pedir desculpa , para virem novamente pois, num passe de mágica, o País mudou? Queriam que lhes falasses do Portugal da fome, da pobreza e da exclusão social? Que lhes falasses de quê, afinal? Um não sei quantos  Barroso diz que bateu com a porta. Mas não tinha já há muito batido? Então que fazia ele naquelas festas do Bloco? Uns inconsequentes é o que eles são.

Mas podias ter falado de outra maneira? Podias. Tinhas falado apenas como Presidente da Câmara, que é aquilo que, para já, tu és! E só, pois para o resto apenas foste indigitado e teimas em não tomar posse.

Agora num registo mais grave, para não dizer sério, o que me preocupa mais António não é o que referi : é que tu, no meu entender e no entender de muita mais gente, tudo tens feito para desbaratar o capital de carisma e credibilidade que construíste, por inacção, por não definires um rumo, por seres titubeante perante tudo o que sucede, tanto de grave como de esperançoso e por te limitares a ir a reboque dos acontecimentos.

E repara António : eu ouvi o Passos, no último debate quinzenal na Assembleia, respondendo à acusação de nas negociações no Eurogrupo a propósito da Grécia se comportar como um “ lacaio” da Alemanha e ter uma posição seguidista, dizer a esclarecedora frase : “ Nós e todos os restantes 18 países do euro”! Ora a grande verdade é que, mesmo tendo havido  nos prolegómenos algumas posições  que tendiam para o dissonante, todos alinharam na tentativa de “ punição” à Grécia por esta ter tido a “ irresponsabilidade” de ter votado no Syrisa e de reivindicar algum tempo. E nesses 18 cabem alguns governos “ Socialistas”. É de espantar ou isso é revelador de alguma coisa?

Será por isso que a posição “ oficial” do PS é nem sim nem não? Em suma nenhuma pois mesmo havendo posições individuais correctas ( João Galamba, por exemplo) da cúpula nada ouvimos? Nem sim nem não ou antes pelo contrário! É que ouvimos e lemos.

O teu silêncio António é intrigante. As eleições estão aí à porta e… propostas? Nada. E estratégia? Desconhecemos. Aproveitamento da questão Grega para tomar posição inequívoca quanto à reorganização da dívida e quanto ao futuro da Europa e do Euro? Estranhamente nada! O que é estranho, muito estranho, penso eu.

Costuma-se dizer que o Carteiro toca sempre duas vezes mas que o Combóio só passa uma vez: ou se apanha a carruagem ou se fica parado, à espera que outro passe, mas aí…a história já é outra e o tempo também.  Será isto que te está a acontecer António? Tens dúvidas se deves apanhar o combóio ou deves ficar em casa? Temes represálias da tua “ Família”, a alinhada e obediente que acima referi e preferes ficar à mercê dos acontecimentos? Pois é António, eu até compreendo a tua angústia mas, não sei se reparaste, as coisas mudaram e, apesar de alguns teimarem em dizer que não, mudaram.  Houve alguém que contrariou os dogmas e, mesmo que se tenham com esforço aguentado, eles vacilaram. É António, a perfeição não existe e a sua procura é feita de erros. Mas tem que se tentar. Porque quem não tenta, quem não toma posição, quem não procura e não arrisca…arrisca-se a não petiscar!

Mas a questão de fundo António, por muito que custe admitir e é nestas ocasiões que se revelam os verdadeiros líderes, é que, perante tantos condicionalismos externos existentes, perante tantos tratados assinados e admitidos, perante a obrigatoriedade de fidelidade à grande “ Família “ Socialista Europeia, perante o seu enquadramento nas questões fracturantes actuais e perante uma linguagem dúbia que dela emana e perante o medo de ficares isolado e sem o respaldo de todo um Povo…que te resta António? Sim, que te resta? Falar mal do Governo? Ok. Ser contra a sua política e a sua postura arrogante e de subserviência saloia? Ok. Também. Mas…mas…mas que propões António? Como eu particularmente te disse tu tens que fazer diferente e melhor, mas o que temo é que não saibas como ou, com alguma benevolência, ainda não saibas como.

Mas, sabes António, disto à desilusão é um passo e, melhor me engane, isto pode sair-te muito caro, a ti e ao teu PS. E sabes por que mais? É que tu teimas em comprar guerras desnecessárias. Todas elas já são por natureza más mas…desnecessárias? São fatais como o destino pois são, para lá de incompreensíveis, reveladoras do desconhecimento das necessárias.

Por exemplo : por que te manténs à frente da Câmara de Lisboa, para quê? Porque não te resguardas quando sabes que isso pode demonstrar ambiguidade pois, mesmo mantendo um cargo de alguma relevância, és cada vez mais escrutinado e qualquer normal questão de gestão é exorbitada e tornada acontecimento nacional? Nota o caso das entradas de carros de idade na cidade e, este mais sensível ainda, a tua “benesse” ao teu Benfas. Para quê António se tu sabes, como todos sabemos, que todo o “ jornalismo” está do e pelo outro lado? E não te perdoa nada. Para quê se até os comentários televisivos em sinal aberto estão todos por eles tomados e tu nem isso denuncias?

Eu sei que já vou longo mas vou concluir : Assim não dá, António, assim não dá! Para quê votar em ti e no teu Partido se a perspectiva é ter mais do mesmo apesar da vestimenta ser de diferente cor? Para quê eu sujeitar os meus princípios de dezenas de anos a quase uma violação e mudar o meu voto? Para quê se não me trazes nada de novo, nada de empolgante e nada de mobilizador? Para quê, então? Para quê se tu e o teu Partido nem os ventos da História sabem ler?

Angustiosamente caminhando para a desilusão, me subscrevo,

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