HENRIQUE NETO e as Presidenciais.

Eu não faço, por enquanto, a mínima ideia em quem vou votar nas próximas Presidenciais. Mas tenho algo balizado: tem que vir da Esquerda mas não pode estar enfeudado a nenhum Partido. Melhor, não pode ser um candidato partidário. Venham os nomes que eu depois escolho! Mas também, e já aqui o declarei, não votarei em qualquer um,  mesmo vindo da dita Esquerda. António Vitorino, por exemplo. JAMAIS, e não é difícil perceber o porquê.

O cargo de Presidente da República é um cargo unipessoal e apresenta-se a si próprio como único responsável das suas atitudes enquanto primeiro dignatário de uma Comunidade. Sem sofismas. E por isso deve ser ocupado por uma pessoa sem suspeitas, de assumido relevo na Sociedade e por esta reconhecido, com méritos indesmentíveis e comprovados e com VIDA!

Mas esta “VIDA” pressupõe que a Política no seu percurso de vida tenha sido um modo de intervir, um modo de participar no intuito de acrescentar, de estar atento às necessidades de mudanças e participar e não um modo de vida ou, melhor dizendo, o único modo de vida. Não tenho essa objecção para outros cargos, deva-se dizer, mas para este em concreto tenho.

Quando digo “ ter VIDA” é ter um percurso para além da política partidária. É, por exemplo, ter sido um eminente Professor, um reputado investigador ou cientista, um respeitado advogado com causas nobres no seu caminho ou ter sido um conceituado e reconhecido empresário ou industrial. Que na vida concreta e diária tenha cumprido a sua obrigação social e tenha criado emprego e riqueza. E valor acrescentado para o País.

Ter percurso de vida é, para além de conhecê-la, ter tido na VIDA várias vidas. É ter subido nela a pulso, à custa de trabalho e visão, à custa de inteligência e integridade e à custa, no final, de respeito e aceitação.

Dito isto e voltando ao título deste texto, menosprezar a apresentação da candidatura individual e solitária de HENRIQUE NETO é uma atitude reprovável e mostra de sobranceria antidemocrática porquanto: Ela representa tudo aquilo de antes descrevi; Porque ele, mesmo tendo Partido e tomando partido, representa e vê-se representado por grande parte de toda aquela gente que já não se revê nessa dita sobranceria de quem julga ser dona da Política e da vontade das pessoas e, por último, porque ele tem indiscutíveis méritos que podem fazer dele um ocupante do referido lugar. Tem VIDA, tem percurso de VIDA e é capaz.

Não concluam daqui que eu estou a dizer que, concretamente, defendo ou apoio a candidatura do cidadão Henrique Neto. O que eu estou a defender é a completa legitimidade de Henrique Neto apresentar a sua candidatura e se colocar, assim, à disponibilidade do meu e do Vosso voto. E, clarificando isto, dizer também que faz muito mal o PS em desvalorizar a sua candidatura, fez muito, mas muito mal António Costa em declarar a sua “ indiferença”, faz mal toda aquela gente do PS que nas Redes Sociais manifestam o seu desagrado, recorrendo mesmo a desprezíveis argumentos como a idade etc. e fez muito mal esse inenarrável José Lello ( coloco dois “ L” para não pensarem que estou a fazer algum trocadilho) ao falar da sua duvidosa militância e outras declarações que não me merecem mais comentários.

Tal como Henrique Neto o mesmo poderei dizer de MANUEL CARVALHO DA SILVA se, porventura, apresentar também a sua legítima e, para mim, desejável candidatura. Não faria o mínimo sentido qualquer animosidade vindo da PC, por exemplo, visto que os princípios são para mim os mesmos. Não se trata de um cargo partidário e, por isso, – eu ia a dizer que sou simplesmente crítico, mas..- sou contra a apresentação de candidaturas meramente partidárias, que têm apenas o intuito de fazer campanha utilizando o tempo televisivo e aí incluo o PC que o costuma fazer.

O MANUEL CARVALHO da SILVA integra em si, e eu sei do que falo porque já o conheci nos anos 70, todos os requisitos que eu defendo para um Presidente da República : É de Esquerda, é equidistante dos Partidos, tem visão própria e adquirida da Sociedade, é um estudioso dessa mesma Sociedade, tem uma vida de intervenção a todos os níveis, adquiriu conhecimento e saber, licenciou-se e doutorou-se, tem carisma e valores e uma vida subida a pulso também.

Como não me reconhecer em pessoas como estas e como não lhes reconhecer méritos para me representar?

Os Partidos têm que perceber que muita coisa mudou e que quem tem que reconquistar a credibilidade são eles, nomeadamente aqueles que durante estas dezenas de anos ocuparam, eles exclusivamente, o Poder, que conduziram grande parte da Sociedade à descrença, na Política em sentido lato e neles, e também à recorrente pergunta : quem defendem eles, afinal?

Mas, no final, muita gente vota e mesmo tendo acumulado ressentimentos e angústias, desilusões e desesperanças, acabam por legitimar nas urnas aquilo que não desejam e por que protestam. Ainda vai sendo assim, apesar de tudo. Mas não somos, neste caso, todos iguais : eu, por exemplo, nunca votarei num chamado “ Populista” ou num “ Justicialista”. Nunca votarei em alguém suspeito de ligação a interesses instalados. Nunca votarei em alguém que apenas se limite a elencar tudo a quilo que está mal mas não é capaz de reconhecer que algo funciona e não é capaz de dizer algo que seja exequível de se fazer. Nunca votarei em ninguém que da VIDA apenas só conheça os gabinetes, que só saiba de burocracia e só saiba dos caminhos que vão dar às portas das influências. Nunca!

Ocupar um cargo de relevo não é nenhum defeito ou desprimor, antes pelo contrário. O problema está na maneira como se exerce esse cargo e, acima de tudo, como se sai desse cargo. É saber se essa pessoa foi digna do cargo que ocupou e se, finalmente, o honrou e honrando-o o tornou mais respeitado, relevante e inspirador.

Não dou o exemplo de Cavaco porque é a antítese do exemplo, mas posso perfeitamente dar o de SAMPAIO como referência positiva. Dignificou o cargo e saiu dignificado. Não dividiu, antes uniu. Foi corajoso mas foi respeitado. E é respeitado. Dignificou o cargo, em suma. E é esse respeito do cargo e pelo cargo que teremos que readquirir.

Concluindo: de uma vez por todas não menosprezem o sentimento que existe e que se está a alastrar. Vão aos cafés. Não se fechem e ouçam. Talvez percebam…

E, para terminar, dirijo-me ao PS e a António Costa, porque lhes reconheço para este caso responsabilidades inequívocas : Guterres é claro que é consensual e mesmo eu não desdenho que haveria fortes hipóteses de nele votar. Mas, se ele não estiver para aí virado, e aqui a questão do timing é para mim irrelevante, querem saber uma coisa? Eu indico-vos alguns credíveis nomes mas, infelizmente, suspeito que não é neles que estão a pensar…

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