“ Baby” é o epíteto com que ela muito carinhosamente trata todos os Amigos, no sentido geral do termo, quer ele seja masculino quer seja feminino, quer seja racional ou mesmo irracional. Tudo é “ Baby”!
E a “ Baby”, a nossa querida “ Baby” fez 62 anos no dia 30 de Agosto e este ano decidiu que tinha que comemorar mesmo e resolveu fazer uma comemoração diferente. Porquê? Porque, como ela disse, o seu ano também foi diferente. Sofreu um violento acidente, passou tempos difíceis, ficou mesmo periclitante mas os amigos de sempre, os mais velhos e os mais novos, os de todos os dias e os de vez em quando disseram-lhe: Nem pensar “ Baby”, tens que erguer “ Baby”! Que precisas? E a nossa “ Baby” recuperou, ficou melhor ainda e resolveu surpreender-nos.
Convocou-nos a todos, a todos sem excepção e organizou um fantástico jantar no S.Roque e os amigos compareceram todos e mesmo os que não puderam comparecer também estiveram presentes. E eu “ desenfiei-me” e também fui. Tinha que ir e foi uma festa bonita!
A nossa “ Baby” é um ser especial e é tão “ Lhana” como o seu nome : sincera, franca, leal, honesta, simples, amável e afectuosa. Eu, em vez de “especial”, ia escrever “anormal” mas preferi dizer “ especial” muito embora o “ anormal” também coubesse porque, convenhamos, ela não é normal. Ela está além e eu que pertenço à classe dos normais tenho, assim, que a apelidar de especial. “Nothing compares to you, Baby!”.
Certo é que há dois anos atrás eu, que com a diferença de um mês e meio tenho a mesma idade que ela, na altura em que comemorávamos a entrada nos sessenta, para me evidenciar, quis escrever um texto laudatório à nossa “ Baby” mas fui confrontado com uma situação deveras pungente: Não tinha palavras! Nessa altura, por ocasião de uma exposição que ela estava a promover, o Valter lembrou-se de escrever um texto definitivo sobre a “ Baby”, onde usou todas as palavras existentes e ainda mais algumas que ele inventou e, com o brilhantismo que todos lhe reconhecemos, desenhou na perfeição a “Baby” e utilizou todas essas palavras. Mas daí resultou a mais linda, profunda, esclarecedora e merecida homenagem que alguém desejar pode. E eu, sentindo-me “ roubado”, disse-lhe: Valter, isso não se faz! Tu açambarcaste todas as palavras, apropriaste-te delas todas, utilizaste-as todas….que escrevo eu agora?
Mas o Valter, detentor maior da palavra Amigo e catedrático da condescendência, mandou-me telepaticamente a seguinte mensagem: Em tratando-se da “ Baby” ok pá, cedo-te duas palavrinhas mas não te excedas! E eu escrevi-lhe mais ou me nos o seguinte sabendo que, como disse, entravamos os dois nos sessenta:
– Tu tens o cabelo vermelho! E eu?…Eu nem cabelos tenho!
– Tu pintas como o “ caraças”! E eu?…Eu nem as unhas pinto!
– Tu és pequena e magrela! E eu?…Eu sou apenas gordo!
– Tu tens um passado! E eu?…Eu tenho apenas anos!
– Tu és jovem e moderna! E eu?…Eu tento apenas ser jovem!
– Tu manténs-te radical! E eu?…Eu apenas contemporizo!
– Tu tens uma história de vida! E eu?…Eu da vida apenas a história!
Mas há uma coisa em que somos iguais: Somos Amigos!
Foi mais ou menos isto o que há dois anos atrás lhe escrevi, fazendo jus à sua superlativa matriz.
Porque a nossa “ Baby” é o refúgio dos afectos. Ela pintou os amigos todos e fez uma grandiosa exposição desses afectos. Da minha filha também um quadro lindo, lindo de morrer e onde eu, que dada a minha horrível fotogenia ainda não fui comtemplado, aí me sinto mui honrosamente representado. Mas ela pinta a Amizade, os Afectos, a Dor, a Revolta, o Medo, a Luta, a Insatisfação, a Contestação e a Paz. Ela pinta a Vida.
A nossa “ Baby” é Lhana mas é uma mulher de vida e de grandeza. É mulher hirta e desafiante. Irascível de quando em vez e sobranceira quando é preciso. E desafia o tempo a quem não cede não vá o tempo desafia-la. Mas nós estamos sempre com ela e à “ Baby” tudo perdoamos. Perdoamos o estar não estando mas não estar não perdoamos. Nós precisamos dela e desejamos sempre que ela esteja. Sem a “ Baby” não se está, não é nada “fiche”!
A “ Baby” gosta de nós, de nós todos, e dá-nos o privilégio da sua presença, da sua juventude sempre presente, do seu olhar para o futuro sem remoer no passado, que todos sabemos ter sido difícil e heróico, e sentimo-nos todos irmanados nela como se fosse parte integrante da nossa vida, de todas as nossas vidas.
A sua cumplicidade com a juventude é coisa linda. Toda a gente foi seu aluno e ela a todos conhece e enaltece. E todos a tratam com aquele especial carinho, aquele carinho com que se trata gente “ Lhana”, uma pequena boneca frágil mas cheia de alma e ao mesmo tempo um vulcão que vai armazenando forças para no momento certo explodir. De Amor ou de Raiva, tanto dá porque da vida isto é feito.
Mas nós tratamo-la todos com grande amor e desvelo, com carinho e com fofura porque temos medo que ela não aguente toda aquela força armazenada e se desintegre. É que ela vive para os Amigos , ela não vive sem os Amigos e os Amigos não vivem sem ela.
Mas quem é a “ Baby” afinal? Quem é a “ Baby”? A nossa “ Baby” é a nossa ISABEL LHANO!
Parabéns “ Baby”!
Que texto maravilhoso! parabens e obrigada! 🙂