…O dia seguinte às eleições, é claro.
O dia seguinte é o dia em que sempre se confirmaram estes dois cenários:
- Se quem ganha é quem estava no governo rapidamente esquece tudo o que prometeu. Porquê? Porque aparecem sempre novos factos, novas situações constrangedoras, coisas imprevistas até e a realidade tende a ser alterada como, ao mesmo tempo, tudo do antes se disse tende a ser esquecido e, assim sendo, acaba por se alcançar aquilo que era almejado…continuar no governo.
- Se quem vence é quem estava na oposição rapidamente se apercebe que a realidade não é, nem por sombras, a que era pintada e, perante a situação constatada, e aproveitando esse argumento de peso, trata logo de amaciar as expectativas que foram criadas. Sempre foi assim…
Mas, como diz sempre António Costa, “ora vejamos”:: nós precisamos de ser governados. Alguém tem que ser governo! Isto é tão óbvio, tão óbvio que, às vezes, parece até que não é! Das eleições tem que resultar um governo. Ou não? E nas eleições quem é, afinal, julgado? Eu diria que todos!
“ Ora vejamos” , como diz Costa: Quem esteve no governo é julgado pelo que prometeu e não cumpriu e pelas expectativas que criou e não conseguiu satisfazer. Também é linear esta dedução. Mas não é só! Também tem que ser avaliado pela solução ou caminho que calcorreou perante a situação encontrada. E aqui, aqui sim, porque, em conclusão sumária, este foi um governo que, em quatro anos de governação, apostado em ir mais além, foi tão além que…ficou muito aquém!
Mas as Esquerdas também serão avaliadas. Não só pela simples constatação da situação,que no fundo todos conhecem mas, essencialmente, pelas soluções concretas de governo que apresentam e tornam disponíveis.
Mas muitos perguntarão: mas poderia ser diferente? Podia pois e, por isso, este governo deve ser sancionado. As razões pelas quais, contados os votos, deveria ser mais ou menos penalizado é tema para outros contos e, como tal, deveremos aqui ater-nos à realidade concreta. E a realidade concreta é que, perante ausência de maiorias qualificadas, como agora se prevê e se diz, a situação ganha a premência da governabilidade. E, num cenário como este, NÃO SERÁ NUNCA INDIFERENTE QUEM GOVERNE!
Admitamos que, no limite, as políticas que terão que ser implementadas, dados os numerosos constrangimentos, não poderão fugir muito dos bloqueios ditados por esses coletes de forças. Mesmo assim nunca será indiferente quem governe. Foi o que aconteceu na Grécia, por exemplo: perante a quase inevitabilidade da implementação de políticas regressivas e punitivas, há que dizê-lo, quem é que o Povo Grego escolheu para governar: aquela força política que, forçada a ter que o fazer, demonstra mais sensibilidade e respeito. O Syrisa!
Perante um cenário de incerteza, esta é para mim a pedra de toque que justifica o meu voto : Não me será nunca indiferente quem governe!
Perante este raciocínio dirão muitos meus amigos : este “ gajo” virou! Não virou nada! O problema é que agora, ao contrário de outros tempos, nada é garantido nestes tempos imediatos. E tudo pode implodir ou explodir. Porque, tal como no caso Grego, o maior erro histórico que se possa cometer é as Esquerdas, em nome de virgindades conceptuais, ideológicas ou programáticas, renunciar ao poder, à governação, e, tal como no PEC4, entregarem de mão beijada o poder à direita. Em 2011 foram altamente penalizados e, neste tempo concreto, a não o assumirem, com cedências e compromissos certamente, correrão o risco de implodirem ou explodirem em pequenos agrupamentos sem expressão nem ordem. Porque, como afirmei, o descontentamento tem que ter resposta concreta e políticas que, assumidamente, têm que ser, no tempo, as melhores possíveis. Com sensibilidade, com compromisso e com informação condigna tudo o Povo aceita.
Agora é o tempo da verdade. Decididamente não é meu desejo e ficaria muito magoado se esta direita retrógrada, ultra liberal e insensível se mantivesse no poder. Que Coelho e Portas, por demissão das Esquerdas, um porque não tem lastro, nem dignidade nem preparação e o outro por ser decididamente um reles pulha, um demagogo e um ser que nem a própria palavra honra e em quem nem a própria família directa vota, não tendo maioria absoluta, se mantenham no poder será responsabilidade das Esquerdas. Uma a uma e sem excepção.
O voto é livre e a expressão de sentimentos que no voto se exprime também. Mas sempre digo e alvitro: Quem pretender sempre o quanto pior melhor será seriamente penalizado numas próximas eleições. Porquê? Porque, perante a incerteza do tempo concreto, as pessoas, que desejam ser governadas em estabilidade e previsibilidade, não perdoarão. Também aqueles que, presos a menos amarras, seguirem esse caminho e não contribuírem para uma solução governativa, também o serão. Os exemplos são muitos e de séria ponderação.
Eu quero ser governado à Esquerda! Façam o favor de me fazer esse favor!