LEVA-OS…

Vai-te, vai-te e leva-os. Leva-os a todos mais as tuas pulgas de bicho sarnento para bem longe. Leva-os e esconde-os no convento para onde vais, mais as tuas pulgas. Para esse ermitério para onde vais, cheio de probembas e sinecuras, com as duas reformas gordas e duras, para te refastelares e para as “cagares” …já que coisas mais de aprender nunca procuraste.

Vai-te, vai-te e não mais voltes, nem que outra vez possas nascer. E leva o teu espólio, esse sujo e seboso espólio, leva essa tua gente toda e recorda. Vais ter tempo de sobra para recordar tudo. Isso mesmo, recorda e não te arrependas, nunca te arrependas pois o arrependimento é coisa dos justos. Não te arrependas e leva-os, leva-os a todos contigo. Leva a Maria e o seu alfaiate e leva quem tu condecoraste. Mas leva-os todos! O convento é grande.

Leva aqueles Pides a quem deste reformas vitalícias por “altos serviços prestados à Nação”. Leva também o Lara, esse que proibiu o Evangelho do Saramago, e que agora pelos mesmos altos serviços, em Portugal e no estrangeiro como consta do despacho, tu condecoraste. Mas o Saramago tu não levas. Tu que nem ao seu funeral foste. O que ele agradeceu…. Esse não levas!

Também não levas o Salgueiro Maia, nem a Natércia, a quem a pensão recusaste. Mas leva o Jorge Braga de Macedo que como Ministro das Finanças o despacho assinou. Leva-o também mais a sua genialidade. Mas também não levas o Carlos do Carmo, que te acusou. De quê? De seres o maior responsável pelo estado a que isto chegou, como algum dia disse o Grande Capitão. Esse também não levas!

Condecora-os e leva-os a todos. E leva o teu salazarismo bafiento que de tão agónico já dá vómitos. Leva o Barroso, leva a Luisa, convida o Schauble, leva o Portas de óculos escuros e chapéu de chuva para que ninguém o veja. Leva também o Carlos Costa, mas primeiro condecora-o. Por altos serviços prestados à Pátria também. Mas não levas o António Costa, que esse não se deixa levar.

Condecora e leva contigo- o convento é bem grande e toda essa tua gente merece penitência- todos os ressabiados e saudosistas. Mas condecora-os como se fosse o teu último acto de ressentido ódio, vingança e desprezo. A comenda posta e dada por ti fica-lhes bem. E vão brilhar no convento para onde vais e vão-te aconselhar, como sempre fizeram e vão-te ensinar a “cagar”. A “cagar” os “avisos” que fizeste e guardaste, com toda a pompa e circunstância. E a “arrotar “como deve ser. E a “vomitar”, também como deve ser, todo o fel que não conseguiste expelir. O mosteiro é grande e deve ter salas para tudo. Tal como Versailles. Tu merecias um assim…tu que sempre achaste que a Pátria e a grei acabavam contigo…

Mas não levas o Sócrates, que te viu a “cagar” atrás dos arbustos. Leva-os a todos que esse tu não levas. Mas leva o Relvas, o Gaspar, o Campos e Cunha (é só um!) e leva também o Rangel. Mas condecora-o. Ele não conseguiu, mas tentou. Ainda agora na Parlamento Europeu ele quis prestar altos serviços à Pátria. Não o vais condecorar?

Leva-os todos para o teu convento e leva também os teus 38 conselheiros. Tu podes-lhes pagar, não digas que não. Não vais ter 16 milhões por ano, mas vais ter duas gordas e duras reformas. Convida-os a todos, leva-os para a festa. Eles merecem e vão-te fazer aquela guarda que tu mereces. Eles vão adorar a esfinge, eles merecem-te.

Mas nunca levarás o Saramago que te renegou. Nem a Pilar que te desdenhou. Nem o Salgueiro Maia que te ignorou. Nem o Carlos do Carmo que te desamou… Como não levas o Nabeiro. Mas leva o Santos e o Belmiro. Leva-os, leva-os a todos mas, por quem és, não os faças viver duas vezes…

Mas esquece, porque não levas nem nunca levarás, como uma vez escrevi, “…todos os que sonham com um Portugal melhor e mais digno, com uma vida melhor e livre de fatalismos, dos que sonham com um ar puro e respirável, da música e da alegria em todos os rostos, dos que não se conformam, dos que gostam das palavras soltas ao vento, do vento, da chuva e do arco iris, da bondade e do sorriso, do Amor sem ódios nem barreiras, da igualdade e da Liberdade”. Estes tu não levas para onde vais, carregado de penas, de ódios e de ressentimento.

Como diz Eduardo Paes Ferreira, tu conseguiste nesta tua lenta agonia final fazer regressar das brumas da memória tudo aquilo que de mal se passou em Portugal e que nós, com a nossa ancestral condescendência, até já tínhamos esquecido.

Leva tudo contigo e leva-os, condecora-os e leva-os a todos. Leva-os com suas medalhas e comendas em procissão para esse endereço, que a mim não me levas, pois te desconheço!

 

PS- O personagem visitou todos os concelhos de Portugal…menos dois! E que teria muita vontade de os visitar para fazer o pleno. E vai embora com uma grande dor: faltaram dois! Disse o seu fiel Liberato.

E quem são esses dois? PAREDES DE COURA e PONTE DA BARCA. Nada mais nada menos que a terra da minha esposa e onde casei e vivi tornando-se minha segunda terra, PAREDES DE COURA e onde o meu irmão também casou e viveu e PONTE DA BARCA, onde o meu irmão vive há trinta anos e onde é Presidente da Câmara há mais de dez.

Não fosse por nada mais e já seria o bastante para nelas ter orgulho. Por isso os meus calorosos parabéns ao António Pereira Júnior, anterior Autarca de Paredes de Coura e ao Vitor Paulo Pereira, o actual e ao meu irmão António Vassalo Abreu, há mais de dez anos Autarca da Ponte da Barca, como antes disse.

Estas são as nossas duas resistentes, inexpugnáveis e irredutíveis “Aldeias Gaulesas”. Que orgulho que eu sinto!!!

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