Minha cara Maria Luís: Tu vais e afinal também ficas? Resolveste aceder àquele sensual convite da “Flecha (Arrow)”, qual seta de Cupido, e ir mesmo ficando? Pois, precisavas de mais um emprego, não era?
Pelos vistos era e, perante o conhecido, era meu desejo brindar-te com alguns daqueles epítetos que o nosso povo tão bem sabe aplicar a pessoas como tu, mas…o meu País não me deixa!
E sendo esses tais os epítetos que tu estás certamente a pensar serem, sempre te digo que, mesmo nada abonando em teu favor, assentam em ti como uma luva.
Um deles, aquele mais incisivo, retratou-o bem o Zeca na sua “Avenida de Angola “, quando falava no “botão de branco punho…”. É sabido que tu gostas de folhinhos e pulsos rendados, naquela tua subtil delicadeza, condizendo com o ar reguila e matreiro que ostentas, assim tipo Maria rapaz, mas que oculta um fatal instinto de animal predador que, sem contemplações ou tibiezas, está sempre pronto a atacar a preza.
Dizem os anais que Passos te conheceu quando dele foste professora e que esse teu secreto encanto o terá enfeitiçado. Diz-se, mas enfeitiçado é assim como quem diz, pois, penso eu, nada consta que dessa profunda afeição tenha resultado algo de mais substantivo. Até porque, nessa época, o Passos vivia aquele seu período mais controverso e agitado onde, mesmo estudando economia, se esquecia de pagar impostos e se desfazia de mulheres como eu de cigarros.
Digamos que aquele seu ocasional requebro facilitou essa sobressaliente admiração. Mas ele não te leu bem, está visto. E de um lugar de financeira na Refer, onde introduziste os famosos “Swaps”, eis que ele te catapultou para esse afrodisíaco meio chamado Poder, como responsável do Tesouro do País. Esse teu ascendente sobre a criatura mantinha-se vivo, sem qualquer dúvida.
Mas tu atingiste o apogeu, o alfa e ómega de qualquer economista como tu e, naquela memorável crise “irrevogável” do Portas, motivada por esse teu incandescente charme que tanto encandeava o dito, tu tornaste-te Ministra das Finanças deste desgraçado País. Para nossa própria desgraça, que não a tua.
A partir daí passaste mesmo a fazer jus àqueles epítetos todos que o nosso povo tão bem aplica, com que eu gostaria de te brindar, mas que o nosso País não me deixa…pois passaste a ser sempre o tudo e o seu contrário, a utilizar a verdade e a mentira em cada frase e uma estonteante sonsice em cada palavra e gesto.
Disseste sempre que sim quando era não e juraste ser verdade o que era mentira. Foi assim com os Impostos que não subiam, mas subiam, que iam ser devolvidos, mas não foram, com o caso do Bes, com o caso do Banif e, cereja em cima do bolo, com o caso dos “Swaps”, quando recusaste negociar com o Santander afirmando a certeza da tua (nossa) razão razão quando, afinal, não a tinhas, e sabias que não a tinhas, e vamos ter que pagar. E o Passos, reverentemente, como menino enfeitiçado até à insanidade, sempre em ti confiou. Continuou e continua encandeado. É a sua triste sina…
E, sorrateiramente, lá foste para a última fila da bancada na assembleia, onde restaste queda e calada este tempo todo, tratando da tua vidinha.
E foi o que foi: deste o golpe. Aquele golpe que provocou o clamor que conheces e que a mim me faria dizer: “Vai-te……”. Mas este “Vai-te……” que escrever me fez, merecia mais robustez, mas o nosso País não me deixa…
Mas o Passos continua loucamente enfeitiçado, não lhe passou ainda e tão enfeitiçado está que, mesmo sendo evidente toda a unanimidade nas críticas ao teu comportamento, ele é o único que, alheiro a tudo (ele ainda pensa ser o Primeiro Ministro, vê lá tu), diz que não há qualquer imposição legal contrária e que…siga a marinha…Mas isto é tanto mais estranho quanto até aquele do Observador, o “coiso” Fernandes, te vem acusar. Será amor? É que só o amor tanto cega!
Pois é Maria Luís, nossa ilustre Marilu, aqui acabo, mas não acabo sem te brindar com uma riminha, já que o nosso País o resto não me deixa…
Vai-te Marilu mais o dinheiro
Leva contigo o Monteiro
E inde pro vosso poleiro.
Mas deixainde na cruz o Passos
Pois entre sorrisos e abraços
Ides ser o seu coveiro.