ORDEM “de” LIBERDADE

O Marcelo, agora Sua Exª o Sr. Presidente da República de Portugal, sempre foi um traquina e um tipo de pregar partidas. O seu cérebro efervescente, que nem dormir o deixa, está sempre em permanente conflito com a sua vontade e força-a, por mais que esta não queira, a manifestar amiúde essa sua tão curricular tendência: A de aprontar!

Não vale a pena disfarçar, pois esta sua queda já pertence à história e muito do seu conteúdo faz mesmo parte do anedotário nacional. É que não vale a pena mesmo: Ele pode fazer as poses que fizer, se a isso for obrigado ou o protocolo o exigir, que volta sempre ao mesmo. Foi vê-lo hoje mesmo na cerimónia de investidura formal e hirto quanto possível e logo depois, aquando dos cumprimentos, a soltar toda a sua informalidade: os sorrisos, os beijos longos, o passar a mão no cabelo de algumas senhoras, o sussurrar-lhes ao ouvido algum segredo ou ditote, a cumplicidade aberta com algumas, o mirar de cima abaixo outras, o ver bem o seu perfil, o cumprimento mais caloroso, eu sei lá…qual pose? Ele volta sempre ao mesmo.

Mais tarde, passando revista às tropas, parece que queria marchar, mas não conseguia: É que não foi à tropa e nunca fez curso de bombeiro. Mas sentia-se ali um esforço a que o seu lado informal resistia. Ele volta sempre ao mesmo e, agora à noite no concerto, no meio da criançada, parecia mais uma delas. Tocava-lhes, queria com elas falar, ria-se e depois fazia “xiuuu” para elas porque o artista estava a cantar, dizia-lhes ele. Não vale a pena…

Mas, no entanto, é disto que todos gostamos no Marcelo. É tudo isto que o traz cá para baixo, para o meio dos cidadãos comuns, com quem fala e brinca sem qualquer constrangimento. Dará, como uma vez alvitrei, um bom Rei, de certeza!

Mas não perde, nem vai perder (ou irá?) essa sua incrustada tendência para a “pegadinha”, como dizem os brasileiros, ou “partida”, como se diz por cá.
E hoje mesmo, sendo já Presidente, eis essa sua faceta em todo o seu esplendor: O modo como “despediu”, como “soltou”, como “libertou”, como “despejou” e como “mandou para casa” o anterior anfitrião de Belém, seu antecessor. Deu-lhe uma Ordem “de” Liberdade. E como deu? Vou explicar:

Consta que o Aníbal estava farto daquela prisão em Belém e que os sacrifícios que fazia pela Pátria, a ponto de nem receber o ordenado de Presidente, mas sim a sua reforma, o estavam já a martirizar e queria a liberdade. Mas a Maria não. A Maria não queria sair e dizia para o Aníbal: E agora Aníbal, como é que com a tua reforma, que a minha nem dá para o leite em garrafa que vais voltar a ir buscar ao quiosque do vizinho, eu posso renovar o meu guarda fatos, manter aquele querido que tu condecoraste, armar o meu cabelo, tratar dos meus pés, dar uma volta à sapataria, diminuir as rugas, encurtar as ancas e fazer as unhas? Como? Prefiro-me prisioneira aqui! Em protesto nem te vou ver sair…

O Aníbal sentia o peso dos dias e a cabeça do Marcelo, já em ebulição e inteligente como é, tratou de engendrar maneira de ultrapassar a situação e, em vez de uma precária qualquer com aquela anilha presa ao tornozelo, que coisa!, em vez dessas coisas, resolveu deu-lhe um Colar! Mas ordenou-lhe: Vá em Liberdade! E disse-lhe mais: Este Colar que lhe ponho é para V. Exª usar, é o seu salvo conduto, é para usar sempre: É o seu Colar “de” Liberdade! Parabéns! E, entre dentes, terá dito: Agora vá, abandone a loja, Xó…que a Maria está ansiosa por o ver…

E foi assim que o Aníbal, pensando ter recebido a Ordem da Liberdade, recebeu de Marcelo um Colar “de” Liberdade!

Enfim livre do Povo. Enfim livres dele…

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