Atenção, muita atenção, Portuguesas e Portugueses, heterodoxos e paradoxos, andróginos e misóginos, destros e ambidestros, lésbicas e gays, com anéis ou sem anéis, esquerdistas e direitistas, e centristas também, de Setúbal e Santarém, mas também os de Ourém, grandes e pequenos, e também os mais ou menos, casados e separados, e também os amparados, generais e furriéis, e também soldados rasos, médicos e enfermeiras, e também as parteiras, pescadores e mercadores, e também os doutores, gente rica e gente pobre, e o ainda nobre, amigos e camaradas…
…Boa tarde a todos, queridos e queridas, amigos e amigas, conhecidos e desconhecidas, gente de todas as vidas…Mas aonde é que eu já ouvi isto? Já sei, “ A vida é feita de pequenos nadas”, dizia o Sérgio Godinho! Que nada! Eu quero é alertar-vos a todos – e porque é que eu estive com tanto trabalho a enumerá-los, e nunca mais acabava, quando com um simples “ Meu Povo” eu dizia tudo?- para o que aí vem: O CIRCO!
O Circo? Mas o Circo já aí está, em todas as vilas e cidades, por exemplo aqui na Póvoa, onde ele chega pelo Natal, pela Páscoa e se mantém todo o Verão? Nada disso! Não é desse Circo que vos vou falar: É do Congresso do PSD! Aquilo sim, aquilo é um verdadeiro Circo, aquilo é “o” Circo. Mas, pois é, é por isso que é tão especial: é que só o podemos ver e viver de dois em dois anos! E digo “infelizmente “para jornais e televisões por tão ansiosos estarem para que ele chegue. É que quando se aproxima a sua chegada os jornais começam a entrar em nervosismo, tal como nos prolegómenos de um grande jogo. E as televisões, excitadíssimas, tudo antecipam porque aqueles momentos vão ser gloriosos e por eles tanto anseiam. Já se aposta até em quem vão ser os comentadores e quem vai acompanhar quem na sua viagem até ao sítio do dito, assim como nos grandes jogos também os que seguem a camioneta! Glorioso é pouco : É épico!
É que este Circo já teve grandes figurantes, já teve até um certo “glamour” e gente a sair em lágrimas. E já foi, igualmente, cenário de grandes lutas: As lutas pelas listas! E aí sempre apareceram grandes “trapezistas “e “ilusionistas”. Mas também bons domadores, bons equilibristas e excelentes comediantes.
E todos esses grandes “performers” passaram à história com um “ ISMO” altamente identificador e os seus aficionados com um “ISTA”. Uns já foram esquecidos, outros já há muito deixaram de actuar e outros, mesmo na reforma, ainda lá vão dar uma perninha. Um ar da sua graça, assim como que dizendo: Eu tenho andado por aí mas estou vivo e ainda faço uns quantos exercícios. E, mesmo sem serem convocados, eles lá aparecem, e todos podemos aferir do seu estado de forma e aceitação dos seus dotes. E eles sempre aparecem, e muitas vezes até voltam a jogar, porque a renovação, as tais camadas jovens, ainda nada provaram…
É só ver:
-Tivemos o “Sá Carneirismo” e todos se sentem Sá Carneiristas. Mas isso cheira a saudade, assim como a saudade do Eusébio, dos Cinco Violinos ou do Acúrsio! Vão lá estar sem estarem.
– Tivemos o “Cavaquismo” e os “Cavaquistas” proliferaram como uma praga. Deixaram todos de o ser porque o tipo entendeu que teria que jogar eternamente e acabou esquecido! Poderão lá aparecer mas com outro “crachá”.
– Tivemos o “ Barrosismo” e os “Barrosistas” elegeram-no mesmo como o novo D. Sebastião e quiseram fazer dele uma espécie de Maradona. Mas deslumbrou-se e saiu cedo de mais. Saiu para um grande clube onde por lá andou durante dez anos mas onde nunca se afirmou pela excelência. Queria ser um Ronaldo e acabou a jogar por aí. Ganhou riqueza mas já dele ninguém lembra. Uns quantos ainda poderão lá ir, mas prontos a embarcar noutro “ismo”.
– Tivemos depois o “ Santanismo” e os “Santanistas” mais as “ Santanetes”, e estes e estas viram nele um “guru”. Ele era habilidoso, mas inconsistente e quando conseguiu substituir o Barroso deu num Jackson ou num Falcão e não mais se conseguiu afirmar. Optou por um bom cargo numa Administração e fez bem. O “Santanismo” já era…
-Depois tivemos o “ Marques Mendismo” e os “Mendistas” viram nele a regeneração. Mas ele, como pragmático que é, foi ganhar dinheiro para o “Cosmos” e dedicou-se à nobre arte de antecipar. Aparece nos “Circos” e participa em todos os debates. Fez-se “ Oráculo”. Não deve ter tempo para mais e já não tem “istas
”…
– Tivemos ainda o “ Manuela Ferreirismo”, uma sequela do “ Cavaquismo”, mas ela, ao contrário deste, soube sair de cena a tempo e tornou-se numa “artista” independente e crítica e já não actua. E também faz bem. Ainda a ouvem, mas já ninguém a representa.
– E, no “intermezzo” tivemos mais uns não quantos “ ISMOS” e, de entre todos, não podemos esquecer o “Menesismo” pois a este andou sempre acoplado o “Marcantonismo”. Eles faziam um tandem de acrobatas, mas tanto arriscaram que caíram estrepitosamente. O que lhes valeu foi a rede. Mesmo assim saíram de cena com proveito, mas sem glória. Também o “Sarmentismo” que de quando em vez aparece e, quando aparece, aparece para criticar o “artista” que em maus lençóis se colocou. Mas recusa sempre ocupar o seu lugar…Está sempre “noutra”…E ainda o” RUI RIISMO”! Mas este deixou mesmo tudo e nem aos ensaios vai. Promete voltar, mas sempre adia. Pode ter lá “ Rui Riistas” mas, sem ele no “Circo”…
– Mas, antes de acabar e falar no trapezista do momento, um trapezista que veio com um estilo copiado mas que acabou por se notar vulgar, mesmo tendo estado mais de quatro anos como protagonista, como “compère” e como tudo, temos que falar do “ MARCELISMO”!
Mas este “MARCELISMO”, mesmo fazendo recordar um outro de má memória e da mesma família provir, é um “ MARCELISMO” com carreira! O “artista” começou nas camadas jovens e desde cedo se notou ser uma grande promessa. Inteligente a manobrar o trapézio, de salto rápido e espontâneo e de rasgo e sentido tático exemplares, ele mostrou saber sempre da ate a teoria e passou a ensinar não só os princípios da mesma como as suas táticas. E, assim tal qual um Mourinho, mesmo pouco tempo tendo actuado, apenas esporadicamente o fazendo, ele tornou-se no sábio do trapézio e no mestre da sua técnica. E acabou alcandorando-se ao maior e mais pretendido dos lugares: o do Presidente de todas as Companhias.
A Companhia do momento já não é a mesma e já se sabe ter outro elenco. O “ Passismo” ainda quer ser concorrência e vai reunir a sua assembleia, o “Circo”. Dos “Ismos” muitos vão comparecer mas um “Popov” tipo Marcelo já não há! Os “istas” também vão lá estar e vão lá estar, como sempre, à procura de numa lista “istarem” e o Passos, antigo tenor ou contralto, apesar de, por falta de melhores artistas, ter que ir cantar, já cheira a passado…
E porque esta concorrente companhia tem que se renovar, surge aí na penumbra um “ José Eduartismo Martinsismo” pronto para lhe tomar as acções e só está à espera que o seu preço baixe para lançar a OPA.
O Passos já é “ PASSISMO” mas…será que ainda haverá “Passistas”? Este “Passismo” é já “ Passadismo”!