Muitos amigos meus de Direita, daqueles que nunca deixarão de ser de direita, mostravam desde há muito sinais de preocupação com a falta de oposição do seu campo político a este governo, ou melhor, com a gritante falta de capacidade que vem demonstrando, a ponto de insinuarem que o seu líder se deve ter ausentado para parte incerta.
Eles, no fundo, refletem aquilo que todos temos vindo a observar e que a própria imprensa, que mesmo não explicitamente o refira, o acaba por referir por exclusão, isto é, nada referindo.
Passada aquela histeria inicial do “assalto ao poder”, da “ilegitimidade” e da impossível governabilidade da “Geringonça”, eis que, passados seis meses, agora muito mais preocupados, começaram a exigir uma “Prova de Vida” ao seu líder. Pois o que até aqui têm vindo a assistir é a um cavalgar de casos, de pequenos casos, mas com uma inabilidade que os fazem corar…
É que, na verdade, o que se verifica é que, ao fim destes seis meses, de uma exigência de “prova de vida” que faziam à “Geringonça”, passaram a exigi-la à sua própria liderança.
Mas as coisas são o que são e, perante a habilidade que tem vindo a ser demonstrada por Costa e Companhia, à falta de melhor, tentaram “assaltar” a diligência conduzida por Tiago Brandão Rodrigues, mas o assalto saiu-lhes gorado pois a opinião pública, mesmo a de dentro do seu próprio partido, não se colocou ao lado dos “assaltantes” que, equipados de amarelo, passaram mesmo a ser objecto de chacota nacional, por tão delirantes e estapafúrdias a suas exigências.
E então, pressionado de dentro e de fora a fazer a sua “Prova de Vida”, Passos Coelho dirigiu-se ontem ao País e, assim como que a fazer um balanço destes seis meses de “Geringonça”, disse que:
– “O País está a ser levado para um declínio social…”. Meus Deus, estará mesmo?
– “O ambiente qualitativo da democracia tem vindo a degradar-se…”. Tem mesmo? Notam?
– “Há um retrocesso democrático…”. Mesmo? Ausentou-se e pronto, perdeu a noção…
– “O diálogo não é agora mais que uma fachada…”. Poxa, na “Geringonça” dialogam que se fartam…
– “O tacticismo e a manipulação intelectuais que o governo tem vindo a fazer está a ir longe de mais e a deixar sequelas…”. Confesso que aqui não percebi! Não será mesmo caso de internamento, como dizia um amigo meu?
– “O interesse nacional fica por defender porque o que o governo quer é assegurar a sua sobrevivência…”. O meu amigo tem razão: também acho que é de internar e levar assim alguns daqueles choques que dizem que fazem um tipo voltar à realidade…
É o caos que, portanto, se avizinha, mas ele, destemido marinheiro, diz-se pronto para assegurar a navegabilidade do barco…disse ele…
O PS, por intermédio de João Galamba, lá respondeu: “Já sabemos que a sobrevivência política de Passos Coelho (leia-se “prova de vida”) depende de alguma catástrofe. É, portanto, natural que alguém cuja existência depende de alguma catástrofe, veja catástrofes em todo o lado. É uma forma de sobrevivência…”. E, como vimos, foi assim que ele fez a sua “prova de vida”.
Mas Passos Coelho fez mais e, para além de se assegurar o intrépido marinheiro pronto a dirigir a barca, afirmou ser um “Teimoso resistente”. Resistente ou recalcitrante vai dar no mesmo, isto é, aquele indivíduo que mesmo sendo água insiste em que é vinho ou sendo preto jura a pés juntos que é branco! Todos conhecemos gente assim, que a gente vai aturando mas, neste caso, é de perguntar: mas se não fosse resistente, era frouxo? Internem-no, mas é…
Mas também, caramba, não exageremos. É que a sua vida não está fácil. Do lado da Europa não é que, depois de durante quatro anos, depois de lhes ter feito as vontades todas, não é que agora querem punir o seu último ano de governo? Então não compreendem que, sendo ano de eleições, ele teve que alargar um pouco o cinto? Também o Banif? Não é fácil, convenhamos…
Nem o buliçoso Rangel se pronuncia e, tão acagaçado de medo, dedica-se no Parlamento Europeu a tirar macacos do nariz…É que também tendo sido ele um dos defensores da tática do imobilismo, a de dizer que nada se fizesse, pois a “Geringonça” depressa se desmantelaria e com estrondo, verificando agora ter estado errado o seu douto prognóstico, que poderá ele dizer? Mas, mesmo assim, terá sido ele que, à semelhança da sua antiga “claustrofobia”, ditou agora aquelas estimulantes e contundentes frases ao Passos, seu líder?
É que não está mesmo fácil e a sua “prova de vida” foi o que foi: pouco abonatória. Apareceu, debitou que estava vivo, e desapareceu de imediato. Ainda se por lá andasse o Portas…que saudades! É que ele dava a dica, tecia a frase bombástica, caricaturava, mas…deu à soleta. Ainda por cima deixou-lhe uma “madre superiora” como putativa aliança, que nem sabe se há de ou não sair do convento, se há de ser democrata cristã ou liberal, porque algo lhe falta, ou se de uma extrema direita que não sabe ser (diz até que o Trump não a deixa feliz, como pode isso ser?) ou mesmo “popular”, onde lhe falta tudo. É que está mesmo difícil. Ainda por cima os seus jotinhas deram numa de insanidade…
Daí que a “Prova de Vida” seja de difícil e complicada defesa. É que lhe faltam conselheiros com visão. Para atrapalhar ainda aparece um destrambelhado e ressabiado de Coimbra…que fazer? Faltam-lhe conselheiros com visão, é adquirido, pois os que têm visão não estão com ele, e os que tem não a têm porque, tratando-se do chefe, que visão poderiam eles ter que não a sua?
C´est la vie…como dizia o outro!