A “ RENTRÉE”

Palavra de honra que, declarando desde já a minha gritante limitação no “franciú”, eu pensava que se dizia e escrevia “reentré”, assim a modos que a “reentrada” do português. Mas não, ao ler uma coisa qualquer descobri que demorei 63 anos a descobrir a verdade! Nunca é tarde, portanto…

Mas, escrevendo-se como eu pensava ou assim como deve ser, a “Rentrée” é, ainda assim, uma palavra dúplice porque significando que muitos (nomeadamente os políticos) regressam ou reentram ao serviço, e essa reentrada tem que ser forçosamente polvilhada de novidades e ideias renovadas, também significa que outros abalam, principalmente os emigrantes, para França e outros destinos, sonhando com uma nova “rentrée” em Portugal e um novo “querido mês de Agosto”.

Mês de Agosto que por aqui, copiando aquilo que na Inglaterra e EUA já é velhinho, se chama de “ Silly Season” porque, nada de jeito se tendo para dizer, nada de jeito se diz que jeito tenha. Se calhar talvez porque o sol e o calor deturpem as ideias, confundam os raciocínios e a cerveja e os mariscos obstruam os cérebros. Talvez…

E tanto assim é que, no finalzinho da tal “Silly Season”, alguns vão assim para uma espécie de retiro, a que pomposamente chamam de “Universidades de Verão” onde, num fim de semana ou coisa que o valha, aproveitam para se formarem em “quadros”!

Chamar-lhes “Universidades” é um quase insulto às Universidades, mas convenhamos que, mesmo no fim do Verão, estar-se fechado num hotel em Castelo de Vide, por mais bonito que aquilo seja, ou noutro castelo qualquer, a ouvir o Mendes, o Passos, o Rangel, o Santana, o Vitorino, o Portas ou a Cristas, é mesmo dose e merece, para além de um qualquer louvor, um diploma onde constará, em letras bem grandes, a palavra “Aprovado”!

Eu, como informei, estive de pousio, em modo de estio e também olímpico (não perdi pitada!) e meti férias da escrita. Para não me fazer de “silly”, já que a minha “season” se limitou a uns dias no princípio de Julho e ao S. Bartolomeu da Barca, pois a este não falto nem que a “vaca tussa”!

Num dos últimos textos que aqui publiquei, escrevi eu que sentia que não tinha nada para dizer, que me custava falar já de coisas sérias, por verificar e constatar que já pouco se leva em conta o que é mesmo sério. Está tudo tão nivelado por baixo que aquilo que deveria pertencer ao reino do “nonsense” e da anormalidade se tem vindo a transformar em algo tão leve e banal, normal em suma, que quase apetece nada ver e nada ouvir e baixar os braços e deixar correr… Ou não?

Mas, no entanto, durante esse “pousio”, passaram-se coisas sérias, muito sérias mesmo. Como o golpe de que resultou a destituição de Dilma, por exemplo. Pelo processo em si, pela forma abjeta como decorreu, pelo que significa de retrocesso e da hipocrisia e despudor de uma classe que não consegue viver sem estar a coberto do “poder” e passar impune sobre as aldrabices e processos de corrupção que sobre si pendem. Vivendo e actuando como se o País fosse sua exclusiva propriedade, deles brancos, posseiros e novos coronéis com seus jagunços…Uma tristeza sem fim…Como os muros que se vão construindo um pouco por todo o lado. Mais um agora em Calais, em plena França, pátria de Liberdade, que vai ser financiado pelos ingleses para travar a emigração no seu país…Tudo normal, portanto…

Mas o que fica afinal da “Rentrée”? Os jornaleiros, os opinadores e todos aqueles que têm que ter sempre assunto para algo debitarem, à falta de melhor agarram-se a nem que seja uma frase ou algum dito, por mais estúpido que ele seja, que logo apelidam de “novidade” ou tema diferenciador!

Que, dizem eles, Cristas teve e Passos não! Que Passos se fartou de falar, de filosofar, de se enredar e que de sumo nada restou, para além do mesmo, do mesmo de sempre: do apocalipse que aí vem, do cataclismo que está aí sempre à espeita e das catástrofes que se avizinham…E a austeridade como único remédio: Nada de novo, portanto, até eles dizem…

Agora Cristas, essa sim, essa trouxe algo de novo e fez a diferença com um discurso inovador de ataque ao Governo. E qual? Que o Governo persegue a classe média para satisfazer as suas clientelas das esquerdas! Ouviram? Leram bem?

Foi isto que eu também por acaso ouvi e a que os comentadores, em uníssono, apelidaram de uma grande “tirada”. Até mesmo um coelho saído da sua cartola!

Mas a pergunta que se lhe tem que fazer é: Quem são então as clientelas das esquerdas? Não incluindo, segundo ela, a classe média, da qual eu e muitos como eu me sinto desde já excluído, por não me sentir perseguido em favor dessas tais clientelas, nas quais me incluo! Estão a ver o paradoxo?

Mas para além de mim e de muitos como eu, como disse, que se sentem excluídos por pertencerem a essas tais clientelas, e pensar ela sermos seus potenciais votantes (!!!), quem são então as tais clientelas das esquerdas: Os pobres? Os reformados de miséria? Os sem emprego? Os deserdados, os excluídos e os desencorajados? Os sem abrigo? Os subsídio dependentes, os do RSI, os do desemprego e os dos complementos sociais? Então é isso?

Bem me parecia! Eles perderam o pudor e já não conseguem disfarçar que têm que aprender com o Brasil. Como podem os nossos (deles) impostos continuar a sustentar esses…

Não o pensam apenas, já o dizem…

Mas, no entanto, dizem-se eles Sociais Democratas e Democratas Cristãos! Perdoai-lhes, Senhor!

 

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