METESTE ÁGUA, MARIANA MORTÁGUA!

É preciso ir buscar dinheiro a quem o está a acumular…”, terás tu dito, e a direita aproveitou essa tua infeliz frase, e infeliz porque redutora, e tem-te tratado do pior. Até li que um tal professor de economia que está no exterior, te tratou por “licenciada” (em sentido pejorativo, é claro) e que te chumbaria se teu professor tivesse sido. Tu que até tens pós-graduação e até já livros escreveste e teses defendeste. E porquê? Porque, segundo ele, terias colocado no mesmo saco o património e a poupança!

Eu, embora não seja votante do BE, gosto de ti e vejo em ti competência e desassombro e acho um exagero todo este “escarfeu” que se gerou à volta daquela tua impensada afirmação, mais aquela outra de que “ é preciso perder o medo e taxar a riqueza…”, mais ou menos isto.

Em tese e como “slogan” até que nem está mal, como não está mal afirmar-se que deve haver mais justiça fiscal, mais equidade, mais proporcionalidade, mais justiça e igualdade em suma, como será sempre bom lembrar a necessidade de proteger os mais desfavorecidos, combater a evasão fiscal e a corrupção.

Não há qualquer problema e é um dos principais sustentáculos da Democracia afirmarmos as nossas diferenças ideológicas, a nossa maneira diferente de pensar, de governar ou conduzir um Estado ou uma Sociedade. Não há qualquer problema…o problema está no modo como o afirmamos, como o dizemos, como o transmitimos e como o propomos e, ainda, do lugar que ocupamos e a competência que possuímos quando tomamos a opção de o dizer. Neste caso, e é o teu caso, até podemos ser acusados de um protagonismo indevido.

E a direita aproveitou para cavalgar esse teu “excesso verbal” e, sabes uma coisa?, eu no seu lugar faria igual. Servistes-lhes de bandeja um excelente serviço! É preciso, cara Mortágua, ser-se prudente e inteligente. Não é que não o sejas e que não tenhas sabedoria, mas falta-te desta a do “savoir faire”. Cresceste depressa, mostras ambição, tens verbo fácil e competência, e isso é reconhecido, mas…há erros que não se devem cometer e tu cometeste um: falar do que não devias e da forma que não podias. E subestimaste a comunicação. E, já agora, nota como se tem portado o PCP nesta questão, como em tantas outras: Não diz mais do que o que pode ou deve dizer.

Tu, economista que és, licenciada, mestre ou doutorada pouco importa, e também há uns anos enfarinhada na política, devias saber que qualquer medida que toque ou mexa com os chamados “ricos”, principalmente os da riqueza oriunda da poupança, tem que ser bem estudada, cautelosa e inteligente para ter eficácia.

É claro que quem tem um património superior a um milhão de euros não será, em princípio, classe média, embora também isso seja discutível porque, por exemplo, uma pessoa pode herdar um prédio situado numa zona nobre e, não tirando dele rendimento, ele terá apenas um património potencial, mas não real. Pode também possuir um bem predial de elevado valor e dever a grande parte ao Banco, também por exemplo.

É para que tu notes que a eficácia da medida, uma medida bondosa em teoria, também se torna discutível, pelo menos do modo como, precipitadamente, tu a defendeste. Ontem mesmo ouvi na TVI24  o Fernando Medina dizer mais ou menos isto: deve qualquer medida, principalmente as que têm esta sensibilidade, ser primeiramente discutidas no recato, serem consolidados os seus prós e os seus contras e depois, depois sim, apresentadas.

Agora vais ter que arrepiar caminho e recuperar a credibilidade que amealhaste. Agora até já dizem que tu é que és o Ministro das Finanças, ou mandas no Ministério, do mesmo modo que diziam, mas só no início, que o TIAGO, Ministro da Educação, era empregado do Nogueira! Mas este afirmou-se e calou-os. Mas tu deves ou devias saber que há certos sectores da direita que não têm qualquer pejo em recorrer a este tipo de insinuações, com a intenção de diminuir ou apoucar um seu oponente, principalmente quando se trata de alguém ainda jovem e sem ainda possuir o chamado “calo”.

E tu ofereceste-te à imolação pública, num exercício verbal pueril e, lamento dizer-to, impensado.

Por isso desta vez meteste água, Mariana Mortágua!

 

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