E COSTA TUDO MUDOU…

Apanha-se mais depressa um mentiroso do que um coxo”, diz mais ou menos assim o Povo e com toda a razão.

Isto vem a propósito de ter ouvido hoje, de passagem pois é sempre de passagem que o ouço, e mais uma vez, Passos Coelho, perguntado sobre as autárquicas em Lisboa e sobre sondagens, dizer que não se rege por sondagens e que nunca o fez. Lembrar a célebre frase “Que se lixem as eleições..”. Pois, pensei eu, admitamos até que poderia ser verdade, mas…só até 2015 que, por acaso, era ano de eleições.

Em 2015, bem nos lembramos, ele deixou correr o “marfil”, voltou a prometer mundos e fundos, amanhãs que cantam, pôr de sois refulgentes e manhãs radiantes…e muita alegria na pobreza, também. Tudo prometeu, até um país de primeiro mundo numa década, um crescimento nunca visto, com reposições e tudo, mas com um pequeno “mas”, assim uma coisa de pormenor: tinha que cortar 600 milhões nas pensões!

Estamos lembrados de toda esta “charlatanice” que, afinal, não era nada mais que o “remake” da de 2011, e de como chutou para a frente e mesmo para debaixo do tapete tudo o que era complicado e difícil e poderia colocar em causa a sua reeleição para esse prometido glorioso mandato. E esqueceu-se, ele mais a Marilu e o do Banco de Portugal, do estado calamitoso em que estava a Banca nacional: desde o Banif, ao Novo Banco, para quem não faltavam compradores, aos lesados do BES, a quem mandou recorrerem aos Tribunais prometendo encabeçar uma subscrição pública para as decorrentes despesas, à CGD, a quem, desprezando a sua debilidade de capital, exigia o reembolso do empréstimo de 900 milhões, ao BPI, ao BCP…tudo, tudo foi para debaixo do tapete…

…estando a “lixar-se” para as eleições, como reafirma, mas com aquele pensamento de saloio espertalhão: se ganharmos temos tempo para pensar nisso, vamos resolvendo e, afinal, o Povo pagará tudo com língua de palmo. Se perdermos…que se amanhem…Mas, mesmo assim, o filho da mãe do défice ainda ficou acima dos 3%. Que “porra”, pensou ele, que “porra”! Mas não faz mal, vamos dizer que a culpa foi deste governo que tinha um mês para resolver o problema e não o conseguiu. Connosco? Sansões? Se a Europa assim o entendesse….que fazer?

Era e é assim que o indivíduo pensava e continuaria a ser assim que levaria a governação, mas…sucede que aconteceu um pequeno “mas”: perdeu a maioria e não conseguiu formar governo! Eu bem me lembro do desespero da “carcaça” que habitava Belém. Eu bem me lembro, todos lembramos, da sua tentativa desesperada de “seduzir” deputados do PS afectos a Seguro. Tudo em nome do superior interesse nacional, claro! Mas, e há sempre um “mas”, saiu tudo gorado: Costa não alinhou e tudo mudou!

Não só Costa, claro, mas principalmente Costa. Eu falei e escrevi amplamente acerca disso e, entre os dias 16 de Setembro- antes das eleições- e 10 de Novembro de 2015 ( os links estão abaixo para quem quiser recordar) escrevi nove textos de análise. Antes e depois. E a verdade é que, embora não acreditasse ser possível a solução governativa negociada entre as esquerdas, eu votei explicitamente para essa alternativa e, para isso, eu mudei o meu sentido de voto. Tudo isso está registado e, muito embora duvidasse, era isso que eu desejava. Porquê? Porque, como também escrevi na altura, estava cansado de votar em quem era sempre do contra, exigindo políticas de esquerda, mas nunca aparecia ou dava a cara por uma alternativa viável.

Passado um ano das eleições e quase um ano do novo governo, ultrapassada aquela fase de negação da evidência por parte do “ressentido” Silva, eis que Jerónimo dá aquele passo por mim ansiado, mas não esperado. Sabe-se agora, e isso foi sempre mantido em segredo, que ainda antes das eleições, terão havido reuniões informais antecipando o cenário. Diz-se…

Mas o que ninguém esperava, e eu também não, era que aquele acordo fosse acertado numa base mínima de concordâncias. Naquilo em que estavam de acordo e os unia e deixando de lado aquilo que os dividia. No pragmatismo e não no idealismo, como os tempos ordenavam. Melhor? Nem de encomenda! Eu, como desejo, escrevi isso no texto que publiquei em 03-11-15 : O Acordo e o Bom Senso!

E, digo eu, reiterando o que já na altura disse, eles estão condenados a entenderem-se. E vão entender-se, para desespero de toda a direita e aquela imensidão toda de analistas, politólogos, economistas comentadores e comentadores economistas, esses tais que tudo anteveem, tudo antecipam, tudo explicam, mas se sentem tão aturdidos que nem no défice acertam…É que nem à posteriori vão aceitar e acreditar…Mas como se o crescimento foi agónico, perguntam eles, já temerosos de verem posta em causa toda a sua sapiência? Pois, assim também eles, ora: cortaram na despesa! Nas tais gorduras de que falava o Portas, lembram-se? Nessas não. Nos consumos intermédios? Será? Terá sido onde? Mas os números…que vamos dizer?

E estão condenados a entenderem-se e é por isso que digo: E COSTA TUDO MUDOU! É que não havendo outra alternativa a um governo de direita que não esta, exceptuando uma hipotética, mas não provável maioria do PS, quem ousar romper esta espécie de consenso nacional que se foi criando e enraizando na sociedade, e ao qual também se deve a chegada, por tacto e inteligência, de Marcelo, quem ousar colocar qualquer pauzinho na engrenagem da “Geringonça” vai pagar eleitoralmente caro por isso. E as sondagens vêm dando razão, a mim e a muitos mais e de todos os quadrantes das esquerdas, que não admitem outra solução, pois a alternativa é entregar o governo às direitas. A solução enraizou-se, como disse, e as sondagens não os coloca em perda, antes pelo contrário. Nunca deixarão a sua identidade própria, mas têm que continuar a entenderem-se nessa base mínima necessária e que, no final, se resume ao Bom Senso!

Mas, e é isso que eu defendo, há aqui um enorme efeito “COSTA”, reconhecido como político de consensos, optimista, mas também como político sem medos e sem fantasmas, para além de recto e firme.

E essas suas qualidades, associadas a uma certa bonomia, contribuíram para um dos aspectos que eu entendo mais marcantes ao fim deste quase um ano desta “Geringonça”, para além de acabar com o “mito” do chamado “arco da governação”: É o nítido apaziguamento da sociedade (Marcelo também tem contribuído e muito para isso), o desvanecer progressivo de um clima de agressividade e crispação que, por muito que Passos e seus acólitos desesperadamente neles insistam, já não colhem e a maneira normal como toda a população vê esta solução e olha para este governo é hoje praticamente consensual.

Vou, para terminar, e dando sequência ao raciocínio, falar do meu caso. Eu tenho basicamente dois grupos de Amigos, daqueles com quem, agora apenas esporadicamente, convivo: um que tem “sede” no Pátio, em Vila do Conde, formado maioritariamente por pessoas afectas ao Bloco, partido em que eles sabem que eu não voto nem votarei e outro, com “sede” nos Torreões, aqui mesmo em frente a casa, meus parceiros gastronómicos também, que são praticamente todos de direita! De ambos gosto e com ambos já ampla e animadamente discuti. Agora? Agora nada: agora conversa-se! Já quase não se fala de política e há uma coisa que eu noto em ambos esses grupos: calma e normalidade! Há um governo, goste-se ou não é legítimo, goste-se mais ou goste-se menos tem governado sem outros sobressaltos que não sejam os externamente provocados, a “Geringonça” aguenta-se e…segue a vida, portanto!

E COSTA tudo mudou!

Links que podem consultar:

http://wp.me/p4c5So-wD -Das memórias do Resgate ao Resgate das Memórias- 16-09-15

http://wp.me/p4c5So-wJ –  Eu (também) Confio- 29-09-15

http://wp.me/p4c5So-wL –  The Day After…-01-10-15

http://wp.me/p4c5So-wO – As Eleições e a Governação-05-10-15

http://wp.me/p4c5So-wN-  A Governação e os Compromissos- 08-10-15

http://wp.me/p4c5So-x0 – E agora Sr. Presidente- 21-10-15

http://wp.me/p4c5So-x2 – Muda, Tudo Muda- 22-10-15

http://wp.me/p4c5So-xa -O Acordo e o Bom Senso- 03-11-15

http://wp.me/p4c5So-xg – Um Governo de Reposições- 10-11-15

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