Ontem, dia 19 de Novembro do ano da graça de 2016, tive a oportunidade, a felicidade e a honra, oportunidade, felicidade e honra que remetem para um dever de imperativo de consciência e de gratidão, de comparecer ao almoço de Homenagem ao Dr. Juvenal Silva, um histórico e icónico Cidadão, Médico Obstetra e Ginecologista Esposendense, promovida pela Santa Casa da Misericórdia de Esposende, que fez de si o Director Clínico Honorário do Hospital Valentim Ribeiro, de Esposende, do qual, durante décadas foi seu Director e fundamental propulsionador.
Sou seu Amigo há muitos longos anos, pese não viver em Esposende também há longuíssimos anos. Mas foi da sua mão que vieram ao mundo os meus dois filhos, foi o Médico Obstetra e Ginecologista da minha esposa Graciete, foi quem a operou nesse mesmo Hospital a uma estectromia total e, muitos anos depois, a minha filha, nascida das suas mãos, esta na Maternidade de Forjães, a um pequeno problema no útero.
E, pese a homenagem ter por génese um acto que, diria eu, remete mais para o campo do institucional, eu fui a esta mesma homenagem, independentemente da sua formalidade, apenas e só como a oportunidade de homenagear um Amigo, um Médico e um Cidadão.
E, assim sendo, escrevendo este texto sem qualquer rede ou pensamento prévios, ou vou escrevê-lo, como se a homenagem não fosse tão formal, com discursos previstos e às tantas previamente elaborados e, por artes inimagináveis, eu pudesse ou tivesse a oportunidade de algo dizer.
Eu, quando me fui despedir do Dr. Juvenal, por imperativos familiares inultrapassáveis, até vi o Presidente da Câmara, assim meio atrapalhado porque tinha que intervir, a tomar notas e notas, e não assisti já aos discursos oficiais. Mas, colocando as minhas mãos nos seus ombros e ele as suas nos meus, disse-lhe: Sr. Dr, eu há dias, quando me inscrevi para este almoço, disse à Graciete onde vinha, porque vinha e para o que vinha. E, disse-lhe, mais, a Graciete, que agora apenas consegue falar com os olhos, sorriu…É esse sorriso que eu lhe trago, é esse sorriso que eu lhe trago…um sorriso de agradecimento.
E acrescentei: Porque o reconhecimento decorre da memória de uma vida e a Memória é aquilo que Eduardo Galeano definiu como aquilo que torna o passado presente…O Dr. Juvenal, conhecedor disso mesmo, completou-me, adicionando o resto do raciocínio do Eduardo Galeano, de tal forma brilhante que saí dali com um sorriso nos lábios e pensando: Este Homem “ainda está aqui para as curvas…”. Foi uma despedida deliciosa…
Mas, se eu pudesse falar, e falar de improviso como sempre faço e faço questão de fazer, o que é que eu diria?
Começaria pelo princípio! O meu Irmão Abilio, ensinou-me há longos anos, quando eu profissionalmente tinha que elaborar propostas, fazer relatórios e quaisquer exposições, que só havia uma maneira de o fazer: começar pelo início, introdução ou introito, seguindo-se o meio, o desenvolvimento ou a substância e acabando no fim, com a conclusão. E foi esse ensinamento que sempre me acompanhou, mesmo hoje naquilo que escrevo, e sou um escrevinhador regular, e me vai seguir neste texto, que por acaso já teve introito, mesmo algum desenvolvimento e ao qual falta a conclusão.
Mas antes de concluir, eu quero dizer que quando uma Homenagem corresponde a um Reconhecimento, ela não reveste apenas a homenagem de um acto isolado, de um feito momentâneo, por muito trabalho que se tenha para o alcançar, de uma medalha conquistada ou de um record superado mas, como disse, para a Reconhecimento de uma Vida. Para a Memória de que antes falava…
E, portanto, e finalmente, caracterizando o Dr. Juvenal Silva, e agradecendo-lhe, como todos os Esposendenses reconhecem, o seu percurso de vida, eu queria fazê-lo em três vertentes:
– Em primeiro lugar na de Médico, já atrás referida, e também na de “curador” do Hospital da nossa terra, que sempre foi e continua a ser.
– Em segundo lugar, na vertente de Cidadão! Cidadão Humanista, digno, honesto e vertical. Uma referência, sem duvida!
– Finalmente, o Cavalheiro! O Homem Príncipe da cortesia, das Amizades, do sorriso sempre aberto, da delicadeza e do saber estar. Uma referência, para novos ou velhos!
Mas, “ At last but not the least”, e aqui de motu próprio e sem nenhuma autoridade heráldica, eu, dentro das competências que a minha consciência me incumbe, nomeio-o também CAVALEIRO! E Cavaleiro também de três Ordens:
– Da Ordem das Liberdades!
– Da Ordem da Democracia, e
– Da ordem da DECÊNCIA, que eu considero a Maior das Ordens!
E, agora mesmo para terminar, eu quero recordar um Amigo meu, seu e de todos nós, há dias desaparecido, chamado LEONARD COHEN (como eu o comparo consigo!), e uma sua muito antiga canção chamada: “ Hey, That,s No Way To Say Goodbye…”, para, parafraseando-o, lhe dizer: Dr, “This is not my way to say goodbye to you…”, nem tão pouco SO LONG…
Ver-nos-emos por aí, nem que seja pelo Facebook onde, desde há uns tempos, nos temos visto…
Parabéns e Muito Obrigado!