Eu era para intitular este texto, aludindo à história do nosso Viriato, de “ROMA NÃO PAGA A TRAIDORES”. Mas, com este desfecho por si tanto ansiado, a saída do Domingues e o adiamento, quiçá até esvaziamento da recapitalização da Caixa como Banco Público, levando-o à ulterior privatização que é o que deseja, você completou o ramalhete, colocou-lhe o laço final em suma, para que eu possa finalmente completar a minha trilogia de agradecimento ao que que você fez pela nossa ditosa pátria nos últimos cinco anos e eu me esqueça disso das traições…
Mas, mesmo remetendo para outras núpcias essa alegoria, eu não me escuso a afirmar que você conseguiu o que queria: Adiar o processo. O BCE e o Governo resolveram nomear uma administração independente, competente e profissional, não só para levar a cabo a necessária recapitalização, mas também para fazer uma gestão independente e você conseguiu que ele batesse com a porta argumentando estar a ser utilizado politicamente, pelo seu partido, obviamente. Que estavam a tentar destruí-lo e concluindo, finalmente, que vocês nunca o deixariam trabalhar em paz.
Este, e a ameaça da DBRS em classificar a Caixa de “lixo”, provocando assim a impossibilidade da colocação das obrigações necessárias para o seu aumento de capital, foi o ultimo serviço que você fez ao seu tão querido “pin”, e pelo qual eu também tenho que lhe agradecer.
Como já antes o tinha feito, em 06-Fev-2015, quase há dois anos, imagine lá há quanto tempo dura esse meu “agradecimento”, “agradecimento” que aqui reproduzo, para que possa emoldurar;
Obrigado Passos, Muito Obrigado!É o mínimo que lhe posso dizer para espelhar esse enorme sentimento de reconhecimento que me assola e por que sou possuído e que a minha humilde educação me obriga a publicamente confessar.
Vai fazer quatro anos! Quatro anos gloriosos! Foi há quatro anos que o bom Povo Português mui sabiamente o elegeu para redimir esta Pátria então exangue, exangue de tudo, de dinheiro, de valores, de auto estima, de tudo, e para servir de executor da expiação que esses mesmos Portugueses mereciam.
Em primeiro lugar por terem ousado contrariar a vontade “ divina” e terem dado o Poder, durante vários anos, a uns quantos enviados de “ Satã” e a um autêntico “ Belzebu” que o mínimo que lhe deveria acontecer era ser enviado para as profundezas dos infernos, de onde nunca deveria ter saído, por ter tido a provocante ousadia de ter sonegado alguns direitos, direitos sacrossantos e diferenciadores de posição, de nascença e de meio, como aos digníssimos juízes e outros reformados de direito próprio. Parece que já está a pagar por isso pois a justiça tarda mas sempre chega!
Em segundo lugar por nos ter feito recordar algumas divinas virtudes, virtudes essas esquecidas por anos de pecado, como a do sacrifício, da auto flagelação e da penitência, em que todos fomos ensinados, assim todos aprendemos, mas depressa esquecemos. Obrigado por isso nos lembrar, Passos!
Em terceiro lugar por nos recordar o respeitinho, a ter respeitinho por quem manda, e nos fazer recordar aquela velha e elucidativa frase do seu mentor, Salazar, que dizia: “Se soubessem o que custa mandar, gostariam de obedecer toda a vida!”. É o que você faz em relação à Diva Merckel e restantes mandantes. O respeitinho é muito bonito. Obrigado também.
Quero também agradecer-lhe o que nestes anos fez por esta nobre e ditosa Pátria, você e o outro que paira ali por cima do Tejo, com vista sobranceira sobre a Torre de Belém, lobrigando ali ao lado os Jerónimos e ao fundo aquela esfera armilar que nos fazem lembrar todos os nossos antíguos feitos e que você e ele tanto têm feito para que não esqueçamos. É preciso ir para a mundo? Então vamos para o mundo. Você e ele em viagens circunvagantes mas pelos céus e os outros de comboio, de carro ou à boleia. A correr mundo, como sempre foi nosso apanágio! Obrigado por nos fazer voltar às nossas raízes de aventureiros nómadas.
Quero também agradecer-lhe toda esta sua clarividência nesta questão da Grécia. Você e tal como Você muitos outros, o Salazar por exemplo, não é de guerras e prefere a equidistância e o não alinhamento alinhado. E não entrar em guerras. Assim como ele também você, graças a não sei que santidade, vai evitar esse fardo aos Portugueses e não alinhando alinha com quem só a pode ganhar: A Alemanha. É clarividência pura e eu tenho que reconhecê-lo.
Pois nós não somos a Grécia, não se farta você de dizer. E muito bem, eu confirmo. Os Gregos pagam menos juros que nós e a sua factura é metade da nossa mesmo tendo muito maior dívida? Pois que paguem! Dizem que não querem mais “cavalo”, mas não querem porque não lho dão, essa é que é essa. E nós temos doses cavalares de “cavalo” em stock! Até ponderamos devolver antecipadamente os “cavalos” que o FMI nos cedeu. E a Diva recebe-nos e recebe-nos com beijos. Com beijos sim. E a eles nem os quer ver nem pintados. Somos ou não somos diferentes dos Gregos? É que nós mostramos serviço, não somos arrogantes. Obrigado por essa essencial diferença, Passos.
Muito obrigado por nestes gloriosos anos nos ter feito esquecer aqueles tempos de pura “lascívia” em que os Bancos nos obrigavam a casar. Era assim: primeiro ofereciam o anel de noivado e depois as férias em Zanzibar. Para mergulhar naquele mar e depois descasar. E voltar a casar para as Maldivas visitar e uma nova casa ocupar. Não faltava “ar”. Uma casa “germinada” em que tudo lhes era oferecido: desde os móveis ao cartão, do LCD ao portão, mais um sótão e uma casota para o cão! E dois contratos na mão. Obrigado por nos ter feito voltar aos tempos dos “pobrezinhos”, mas honradinhos”. De onde nunca deveríamos ter saído. E por isso chegamos aonde chegamos. Obrigado por isso nos lembrar.
E obrigado por nos ter feito voltar aos tempos do “êxodo”. Dos “êxodos” em massa, por causa da massa e da falta dela. Desses tempos gloriosos em que partíamos para o mundo, de mala de cartão. Agora de computador ou “ tablet” na mão . Mas antes como agora fazendo desse mundo uma casa pequena. Onde sempre cabemos. Porque somos pequenos, pequenos mas honrados. Obrigado, mil vezes obrigado.
E obrigado também por nos ter trazido de volta aquele símbolo indelével e único da Caridade: a sopa dos pobres e nos ter feito concluir, como disse o outro, o das Misericórdias, que “só passa fome quem quer”. E tiver vergonha de ser pobre, também disse. E os nossos “pobrezinhos” coitadinhos, que gente algum dia ousou ser, por ficarem a saber que existem para isso os ricos, para os proteger. O “seu” pobrezinho”, como sempre foi e sempre deveria ser. Obrigado por me fazer lembrar. E a Jonet recordar. Nem sei que falar…
Obrigado também pelo desemprego. Pelo desemprego redentor. Quem mandou toda aquela horda de gente partir para as cidades, para o betão e abandonar os campos verdejantes? Assim são obrigados a voltar, para a sua verde origem, para ali perecer, na companhia dos seus, de todos os seus, os que também partiram e os que já…pereceram. E foram todos. Obrigado também por os fazer regressar às origens, para aí perecer, mas donde nunca deveriam ter saído. Obrigado e Amém, também.
Obrigado também por nos fazer recordar o quanto os nossos sacrifícios têm valido a pena. E valem sempre a pena. Olhem a nossa reputação. Vejam o foi à custa dos sacrifícios dos Portugueses e se não valem a pena os sacrifícios. Não somos a Grécia, haverá melhor distinção? Há mais pobreza? Sempre houve pobres e ricos e só há ricos porque há pobres e porque Deus assim quis, sempre nos disseram. Portugal agora tem crédito e os Mercados gostam de nós. E gostam de nós porquê? Porque nós lhes pagamos. Porque somos honrados e obrigado Passos por nos ter trazido de volta a nossa honradez. Nós pagamos e pagaremos custe o que custar. Nem que demore 50 anos e ao fim desses 50 anos devamos o mesmo. Que interessa? Somos honrados e cumprimos, cumprimos e cumprimos. Pagamos com os cortes que nos faz? Não, é com as poupanças, diz você na sua já rememorada sabedoria, quando eufemisticamente chama poupanças aos cortes e redução da despesa. Para depois compensar com mais aumento de impostos, a que chama aumento da receita, sobre os que trabalham porque trabalhar é um privilégio. Um privilégio que tem que ser pago e bem pago. Porque você diz e diz bem : olhem para quem não trabalha, como podem pagar impostos? Esta sua clarividência e sentido de justiça ofuscam-me. Só lhe posso dizer obrigado, mestre!
Obrigado, portanto, pela sua mestria. A mestria de olhar para os números e com os números brincar. Como as crianças brincam com os Legos. Lembra-se dos Legos? Coisas de crianças. Assim como os contos para crianças, você não vai nisso pois só servem para adormecer, não é? Adormecer as crianças, está visto. Obrigado pelos seus “números” e com os números do desemprego e da pobreza. E por nos fazer lembrar que tudo tem um custo, como a vida humana, que para além de um certo custo deixa de fazer sentido. A vida é um número e sendo um número com ele não se brinca. Diz você e o seu Ministro. Fizeram cortes na Saúde? Qual quê, fizeram poupanças. Obrigado pelos seus eufemismos. Que seria de nós em eles? Muito, mas muito obrigado.
Obrigado por todos aqueles comentadores que nos inundam a casa dia e noite, gente de grande saber e experiência, gente que a gente não sabe muito bem de onde veio, de que buracos terão saído e que tão bem soube arregimentar para as suas ideias suportar. Que seria de nós sem eles? Essas suas ideias que nunca da nossa tola deveriam ter saído mas que eles mui pressurosamente não se cansam de lembrar: as da volta ao nosso “fado”, ao nosso “ fatalismo”, ao “ tem que ser”, ao “ não há alternativa” e à redentora austeridade. E nos fazem lembrar que quem ousa questionar é “radical” e mal-agradecido. Obrigado.
Como os Gregos : quem os mandou entrar em aventuras? Quem os mandou ir votar no radical e desconhecido e subverter assim a “Ordem” estabelecida e ordenada, ordenada por quem sabe, por quem tem poder? Obrigado por nos lembrar que só se pode estar contra esses poderes por pura criancice, própria de gente imberbe que não sabe o que é a vida nem ler a História. Obrigado por tudo isso nos lembrar. Que adiantaram os de 1383 e os de 1640? Os de 1910 e os 1974? Que adiantaram? Não voltou tudo sempre ao mesmo? E a Revolução Francesa e a Russa de 1917? E outras? E todas, de que valeram se a História e os velhos poderes se encarregaram de tudo fazer voltar aos seus devidos lugares? Manda quem pode e quem não pode obedece, não é Passos? Obrigado pelo seu grande sentido de visão e leitura da História. Para quê Revoluções, em suma?
Não sei mesmo como lhe agradecer o que nestes quatro anos nos tem ensinado.
Obrigado pelos carros topos de gama que à tripa forra distribui, assim, sem mais nada, sem termos que preencher cupões como no Euromilhões, assim…de graça? Como não agradecer? Até li que o Estado vai gastar mais 4,3 milhões de Euros com a Factura da Sorte. Isto é que é visão benemérita. Obrigado pelo carro que um dia há-de ser meu pois, enquanto for vivo, estarei sempre habilitado e se sai a outros também me pode sair a mim. Antecipadamente lhe agradeço essa viatura do futuro.
E obrigado por nos ter trazido à ribalta a Marilu e o Paulo Portas e os seus jovens “turcos”. Não sei o que seria este País sem eles, sem a sua bravura e o seu amor pela Pátria! Não sei o que seria um Governo sem o Pires e o Adolfo, a Cristas e o Núncio e todos aqueles nomes pomposos e aristocratas. De boa nascença, sem dúvida. Obrigado também por isso.
E pela sua obra e pensamento. E veja os seus reflexos na maneira como pensam os seus. Não sabemos de que cavernas saíram, em que buracos estavam enfiados mas fazê-los aparecer e ouvi-los dissertar foi coisa de mestre. Que pensamento, que lucidez! E que humanismo eles demonstram…onde estavam eles? Onde se formaram? Que coisa Passos, que brilhantismo o desses Duartes Marques e Montenegros… obrigado por todos eles…
Por nos lembrares que não é preciso estudar nem ler. Só é preciso é NASCER.
E fico-me por aqui, e já nem copio o segundo episódio, pois sendo já agradecimento a mais, você até poderá pensar: Serei eu tudo isto?
Pois é isto e tudo e muito mais, mas lembro-lhe o antiquíssimo dito : “ROMA NÃO PAGA A TRAIDORES”.