WE SHALL OVERCOME!

https://youtu.be/RJUkOLGLgwg

Nesta pungente “inauguration” de Trump como 45º Presidente dos EUA, que eu fiz questão de não ver, e das significativas manifestações hoje ocorridas um pouco por todo o mundo, mas especialmente na histórica Washington, não só pelo acto ali ocorrido, mas especialmente pelas manifestações ali realizadas nos anos 60, pelos direitos dos negros, pelos direitos cívicos, contra a guerra e por tudo o mais…eu dei por mim a pensar: como é possível ter regredido quase 60 anos?

Como é possível, depois de tudo o conseguido ao nível dos direitos básicos, ao nível da afirmação das minorias, tanto étnicas, como racionais, como de género, das escolhas pessoais e do respeito pela diferença…voltarmos quase sessenta anos atrás?

E lembrei-me deste célebre e antigo Hino, força e bandeira de décadas e décadas, e vale a pena recordar a sua origem.

Falar de “We Shall Overcome” e de PETE SEEGER é, por todo o mundo, quase a mesma coisa. Foi adaptado de um hino religioso e, nessa altura (anos 40) o caminho entre a Igreja e o Sindicato era um caminho curto e directo. Advém do canto colectivo religioso que expressava a revolta dos escravos negros Norte Americanos e da repressão que os seus trabalhadores sofriam.

No início chamava-se “We Will Overcome” ou “I´ll Be All Right”. Foi dada a conhecer por em 1936 por Zelphie Norton que a intitulou de “We Will Overcome”.  E foi PETE SEEGER que, em 1947, a deu a conhecer e intitulou de “WE SHALL OVERCOME”, dando-lhe aquele cariz colectivo e universal virado para o futuro que, a partir daí, começou a ser. E acrescentou os restantes versos, versos que foram cantados mil e uma vezes em todas as lutas e em todas as prisões, onde estavam em causa a luta pelos direitos cívicos e humanos.

No seu célebre concerto no Cornegie Hall, em 1963, ele fez uma simples e comovente introdução: “Todas as tarefas têm que ser cumpridas. São para isso necessárias mãos, coração, seres humanos. Mesmo para fazer de uma canção realidade”.

Haveremos de vencer, haveremos de caminhar, mão com mão, irmanados, haveremos de viver em paz, não iremos ter medo, não estaremos sós, teremos todo o mundo connosco, brancos e negros juntos, haveremos de vencer…

Foi desta intemporal música e letra que hoje me lembrei quando vi que, perante os perigos que nos são anunciados, assisti a tanta gente junta, principalmente mulheres, e insuspeitas celebridades darem a cara, como Scarlett Joahonson, Michael Moore ou Madona, como nos anos sessenta outras e outros deram, a denunciarem o medo, a misoginia, o retrocesso, em suma.

Não! Trump poderá passar, mas as suas ideias não e perante as multitudinárias manifestações hoje realizadas, eu digo aquilo que hoje observei num simples “post” no Facebook: “Take Care, Mr. Trump!”. Isso mesmo: Tenha cuidado! A juventude é hoje informada e as mulheres não são o que eram há sessenta anos atrás. Nenhum deles está disposto a perder a sua liberdade, os direitos adquiridos e, acima de tudo, a hipotecarem o seu futuro em nome do interesse particular de uns quantos, poucos.

Trump não representa, felizmente, a maioria da América. Talvez muitos já estejam arrependidos em nele terem votado, embora a qui a responsabilidade não seja apenas dele, mas também da adversária que lhe foi proposta. Mas já não estamos em 1940, não estamos nos anos sessenta, nem tão pouco nos anos oitenta. Hoje há informação global. Hoje podemos fazer escolhas erradas, mas estamos informados e, deste modo, depressa poderemos refazer a nossa opinião.

O mundo é composto de mudança, é claro, e já o dizia o nosso querido Camões mas, acreditem, ninguém estará disposto a renunciar a direitos básicos adquiridos que levaram anos e anos a serem conquistados…

Assim espero… E, por isso, “Take Care, Mr. Trump”!

E lembrando PETE SEEGER, o seu “WE SHALL OVERCOME”, sempre em dia e sempre eterno: https://youtu.be/RJUkOLGLgwg

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