Na Missa de despedida da nossa GRACIETE, minha querida esposa e companheira de há quase 45 anos, na passada sexta-feira, dia 12, eu, apesar de emocionado mas sustendo as lágrimas, pedi autorização ao amigo oficiante Padre Fernando Nogueira para, depois de uma comovente saudação da minha Irmã, dirigir umas curtas palavras a todos os presentes, fazer uma coisa que a minha consciência me ditava dever fazer: um Agradecimento público a algumas especiais pessoas.
Pessoas essas que durante estes longos anos de martírio da GRACIETE se evidenciaram na sua ajuda, companhia e apoio. Mas, dado o momento, o improviso, o nervosismo e as circunstâncias, apenas referi alguns e, penso agora, que posso ter sido injusto para com outros.
Quero agora, e publicamente, rectificar essa falha, recordando a síntese que a minha memória gravou e o que a minha consciência me manda acrescentar.
Referi em primeiro lugar toda a sua Família, Irmãs, Cunhados, Sobrinhos e todos mais, incorporando-os todos numa pessoa: a sua Irmã MARGARIDA, minha querida cunhada, cúmplice e amiga de sempre e o seu marido António Covas. Foram sempre e sempre, durante todo o processo de uma Amizade e disponibilidade inexcedíveis. Para definir o que ao longo destes anos fizeram só existe uma palavra: AMOR!
Referi em segundo lugar a minha Família que corporizei na figura estratosférica e carismática da nossa Irmã SAMEIRO : a bondade, a generosidade, a sabedoria, a dedicação e tudo o que imaginar se possa em pessoa. Minha irmã, mas também sua irmã de sempre. Como a minha Mãe, também sua Mãe de sempre e a quem sempre chamou de Mãe. Mas esqueci o seu marido e meu cunhado AMORIM, a quem peço desculpas pois sabe o quanto dele gosto e admiro. Ele a quem todos nós também consideramos como irmão. Ele é a ” muleta” da nossa Irmã e sem o nosso querido cunhado tudo seria muito mais difícil, quiçá impossível!
Referi depois a nossa colaboradora e amiga de há mais de vinte e cinco anos, a D. Linda Seixas Felix. A GRACIETE foi sempre para si uma deusa inspiradora e um exemplo. E fez durante todos os anos de doença da Graciete o que não faz qualquer normal colaboradora. Fez muito, mas muito mais que o seu normal serviço: ajudou-me nas alturas mais críticas, foi forte e, mesmo depois, na fase de acamada, sempre fez questão de a alimentar, por exemplo, dando-me algum descanso e conforto. Também a isto se chama, além de consideração e respeito, AMOR!
Também a seguir referi as Enfermeiras, que durante os últimos cinco anos contratamos para, durante todas as manhãs, cuidarem da Graciete em todos os processos de acompanhamento, tanto de enfermagem como de higiene e todas as vertentes de cuidados continuados no domicílio. De todas fiquei amigo e em todas vi, apesar de ainda novas, um profissionalismo, uma humanidade, uma postura e um respeito tais que, perante a serenidade, beleza e aceitabilidade da GRACIETE, além do profissionalismo também tudo fizeram, de certeza, com AMOR! Corporizei-as na Enfª Inês, e no Sr. Pedro Maia, gerente da empresa de cuidados continuados ELOS de TERNURA, mas podia e devia tê-las mencionado a todas. Mas todos os seus nomes ficaram gravados no meu coração.
Os Amigos, todos os Amigos eu corporizei na figura do meu grande amigo, o Poeta João Rios, cujo poema que à GRACIETE dedicou- ” Poema por saber dizer tão pouco pela minha Amiga Graciete”- eu resolvi, com sua autorização, por tão belo, colocar nas pagelas que foram distribuídas, juntamente com a sua foto.
Mas aqui eu tenho que me penitenciar pois não deveria nem poderia ter sido tão redutor, ao ponto de esquecer referir um casal na Póvoa, amigo e cúmplice de sempre: a Zirinha e o Manuel Rocha que, até justamente na noite derradeira me acompanharam. E a isto não se pode chamar outra coisa que AMOR!
Nem poderia ter deixado de referir o carinho de sempre do Valter ( Hugo Mãe) e das suas sempre ternurentas palavras, da Ana Rosendo, da Juliana Gonçalves, da Isabel Lhano, do Nélio Paulo e todos os Amigos e Amigas do Pátio, dos meus vizinhos Sr. Manuel e Filomena Maio e dos meus amigos dos Torreões. E todos os restantes amigos, de Esposende, da Ponte da Barca e de Paredes de Coura, para além dos meus amigos, amigas e colegas dos lugares por onde trabalhei, com particular destaque para os dos últimos mais de quinze anos na última empresa onde trabalhei e à qual e aos quais me sinto ainda ligado e com um obrigado especial às minhas ” meninas” da SANIPOWER, a Xana, a Filipa, a Isabel e a Elisabete…
E referi por último um Homem, um Homem com um enorme “H”, meu Amigo de há muitos e muitos anos e meu patrào e chefe durante os últimos quinze anos! Chama-se AMÉRICO CAMPOS e a ele devo, em grandíssima parte, o ter conseguido proporcionar à Graciete qualidade de tratamento que sempre teve e, mesmo durante a parte da doença ainda controlada, o nos ter facultado férias e viagens que seria impossível fazer e que a deixaram tão feliz e grata!
Eu sou consciente de que é preciso ter alguma sorte em ter tido como patrão um Empresário assim. Eu sei! Mas também acho que são estas pequenas grandes coisas que fazem os grandes Homens e os grandes Empresários: é serem no momento decisivo humanos, complacentes, solidários e sensíveis. E também reconhecidos, é claro.
A todos os enumerados e a todos os restantes anónimos que sempre, ao longo destes anos, me dedicaram palavras de conforto e coragem, o meu muito obrigado.
A GRACIETE deve estar contente pois sempre recebeu o que a todos sempre deu: Humanidade e Amor! Ela sempre soube a palavra DAR!
PS: GRACIETE, a SUSANA conseguiu hoje aqui em Barcelona, onde esta semana estou, aquele contrato que tanto almejava! Vai, num grande gabinete de arquitectura de interiores, chefiar uma equipa, com contrato estável e com hipóteses de progressividade, o que para ela, como sabes, é sempre alcansável, e o primeiro trabalho é a decoração dos interiores de um Hotel de 700 quartos em IBIZA!
Tu ajudaste, nào ajudaste?
Belíssimo texto, lindo e mais nada!
Grande abraço!