A CONFIANÇA para mim, que toda a vida trabalhei em áreas ligadas às economias, e estou certo que por todos os economistas e mesmo empresários, é a principal variável de qualquer decisão económica.
É ela quem incentiva o consumo que por sua vez determina a produção e as consequentes importações e exportações e é também ela quem ajuda nas decisões de investimentos que, juntamente com o enunciado, proporcionam o crescimento económico.
Ainda nesta cadeia e sempre como consequência, surge o crescimento do emprego e logo mais impostos cobrados pelo Estado e menos despesas sociais e, ainda, mais redistribuição. A CONFIANÇA tanto em quem nos governa como nas Instituições Públicas e nos dados estatísticos oficiais é, portanto, e como é fácil intuir, o principal elo de uma cadeia que se quer estável e firme.
Ora foram estes os pressupostos que, se bem se lembram, Mário Centeno e toda a equipa de economistas que António Costa convidou para trabalharem o programa económico com que ele e o PS se apresentaram às últimas eleições, em 2015.
Se bem se lembram também, ainda em tempos da cruzada austeritária e da “TINA ( there is no alternative), tal programa económico mereceu a viva repulsa da PAF e de tudo o que era comentador arregimentado e mesmo de economistas instalados…
Mas, depois das peripécias que todos lembramos, Costa conseguiu, com o apoio Parlamentar dos seus aliados à esquerda, formar Governo e, sendo criada a chamada Geringonça, acabou com o maior mito da política portuguesa que era a impossibilidade de haver um Governo suportado por todas as Esquerdas (as radicais, como a Direita gosta de dizer…) e implementou mesmo, para grande irritação dos acima citados, o programa que tinha proposto, baseado no aumento do consumo proporcionado pela reposição de rendimentos e anulação de cortes.
A montanha era muito dura de escalar e os autênticos trabalhos de “Sisifo” não tardaram a surgir. Os escolhos eram mais que muitos, uma Banca deixada em estado decrépito para sanear, um défice que até alguns “portugueses” queriam penalizar e, ainda por cima, Centeno é acusado por um ilustre comentador e articulista desta praça, que se define como das Esquerdas, o Daniel Oliveira, ser o Centeno um “nabo em política que só estava no Governo para complicar a vida ao Costa”! Escreveu, escreveu mesmo (lembram-se daquela questão do Domingues que era para ser Presidente da Caixa e acabou por não ser?) e, da minha parte obteve uma imediata resposta: aquele meu texto que intitulei de ”Daniel, Um Noviço em Nabiças” (https://wp.me/p4c5So-LG).
Só que mais tarde, com a Economia a engrenar, as promessas sendo cumpridas e os compromissos com o exterior a serem honrados, o Centeno passou de repente a ser um bom político tendo até sido proposto para Presidente do Eurogrupo! Só poderão estar a brincar comigo, terá pensado o Daniel, e o comentador micro Mendes foi até mais longe: que só podia ser piada do 1 de Abril! No fim todos engoliram em seco e foi mesmo nomeado pelos seus pares Presidente do Eurogrupo!
E a Banca foi saneada, o défice começou a descer, a dívida também, o Rating da Republica a subir, o consumo a aumentar, os juros a caírem progressivamente, o desemprego a baixar, as receitas a subirem e as despesas a serem controladas. Portugal tornou-se um País na moda e um modelo de governação e exemplo a seguir no combate à crise.
De tal modo que Costa e Centeno foram a pulso conquistando a credibilidade perdida e criando mesmo uma certa aura na Europa. E começaram a ser ouvidos e respeitados e o País muito tem ganho com isso e as sondagens de aprovação de Costa, de Centeno, da Governação e da Geringonça continuam a mostrar-se amplamente positivas e esclarecedoras.
Assim, passadas as Eleições Europeias que Costa conseguiu que se transformassem num quase plebiscito à governação e num teste do qual os Partidos da Geringonça saíram com distinção tendo obtido praticamente o dobro dos deputados eleitos pela Direita (13 eleitos contra 7 não contando com o PAN), põe-se agora um especial ênfase no próximo acto eleitoral, este mais decisivo e importante: as Legislativas!
E todo o meu raciocínio aqui exposto conduz, como podem facilmente intuir, a uma
essencial pergunta: Merece ou não Costa e o seu Governo a nossa Confiança?
É perfeitamente natural haver questões políticas em que podemos estar em desacordo, que não concordemos com com determinadas posturas, com algumas decisões que poderemos considerar polémicas, pecando umas por excesso e outras por defeito e mesmo com alguns princípios para nós básicos e fundamentais dos quais nos custa muito prescindir e coisas que não foram contempladas nesta Legislatura e deveriam tê-lo sido.
Tudo isso é verdade mas, no essencial, o que é que eu penso, e tenho por certo que a grande maioria também assim pensa, que deveremos desejar de um Governo? Desejamos que haja Previsibilidade e Estabilidade! De modo que a pergunta é: e no essencial não estamos maioritariamente de acordo?
E a notícia, falando ainda de Confiança, é de que, muito embora a nossa Direita, sem qualquer sustentação fale em falhanço, em desmoralização e descontentamento generalizado, em artifícios e ilusionismos e as pessoas não confiam neste Governo “radical”, como afirma Cristas ( Rio nem diz nada porque nada tem para dizer…), a realidade teima em desmenti-la e a grande verdade é que muitos dos seus apoiantes e até militantes acham precisamente o contrário!
Eles acham que existe claramente confiança, que o Governo a tem sabido criar e muitos agentes económicos, Empresários e empregadores isso mesmo atestam. Como se costuma dizer: “contra factos não há argumentos…”. E sentem-se maioritariamente satisfeitos com os apoios, com o diálogo e com as medidas de carácter económico implementados por este Governo!
Então vamos ser nós Trabalhadores, Reformados e Aposentados, Funcionários Públicos, Pequenos e Médios Empresários, dos da Restauração ao Turismo e todos os demais, todos esses a quem este Governo trouxe mais dignidade e esperança que lhe vamos negar essa Confiança?
Eu tenho confiança em António Costa, no seu Governo e num futuro Governo também de Esquerda e de preferência com a Geringonça, sempre à Esquerda. E daqui a cinco meses é isso mesmo que vai estar em cima da mesa: Renovar a Confiança em quem a mostrou merecer!
Nas últimas eleições votei em António Costa e na Geringonça! Tenho alguma razão para não o voltar a fazer? É claro que não!
Eu CONFIO!