É pungente ao fim da tarde olhar pela minha janela Sul Poente, e por onde passa a maior vida da Póvoa , sentir que depois das 19 horas aproximadamente o dia acabou! Mas acabou cedo de mais…
O que eu vejo parece-me mais um retrato, uma pintura qual natureza morta, de tão estática que está: as velhas árvores agora, até que frondosas porque é Primavera, os candeeiros que daqui a pouco se acendem sem saberem sequer para quem, as mesas e cadeiras da esplanada dos Torreões arrumadas em castelo esperando melhor serventia e até os pombos que poisam o dia todo por cima do Mercado, sentindo que não há viva alma que lhes ofereça uma migalha, foram para outras paragens ou talvez descansarem por nada mais terem a fazer…
Como dizia o Prof. António Costa e Silva, Professor do IST, num recente artigo no Público, “A lógica da pressa e do urgente desvaneceu-se no roçar lento dos dias…”!
Mas da parte detrás da minha casa, a nascente, surge-me, paredes meias entre o quintal do Instituto Madre Matilde e o do Manuel Agonia ( filho), uma imponente árvore! Mas uma árvore diferente de quaisquer outras porque há trinta anos que para ela olho e permanece assim :Altiva e ao mesmo tempo sóbria, mas elegante e majestosa!
Ao seu lado descortinamos uma outra, mais pequena e singela, mais desconexa e desordenada na forma e de um verde mais esbatido e frágil. Mas ela, embora bela, oferece-nos o suficiente contraste para aferirmos da insofismável beleza da outra!
Ela é de um rigor impoluto e irresistível no seu traço e os seus braços quais asas parecendo, parece até que planando, são de uma suavidade assombrosa e de uma estética irrepreensível!
Sempre a conheci deste modo: imutável e serena! Não sei o seu nome nem nunca quis saber! Nem tão pouco a sua idade!
Só sei que ela é uma eminência na paisagem e transmite-me PAZ.
