EM DEFESA da “BENGALADA”!

Estava há pouco tempo a almoçar e fiquei a saber que o Primeiro Ministro aceitou o pedido de demissão de Ministro da Cultura apresentado pelo seu detentor João Soares. Ao que este terá dito “por não prescindir da liberdade de expressão”.

Como algures li, quão contentes ficariam o Eça, o Camilo ou o Ramalho com uma estória destas e quantas páginas não escreveriam antecipando ou relatando mais um glorioso duelo entre dois ou mais ressabiados ou ofendidos. Mas, naquele tempo, tudo se resolvia à bengalada porque bofetada era para “mariconsos” e os tiros de barbárie já ida.

Mas fez bem, muito bem mesmo, João Soares em demitir-se. Não pelos motivos que muitos meus queridos amigos estarão a pensar mas, única e simplesmente, porque João Soares cometeu um erro crasso. Não apenas na expressão mas, essencialmente, no conteúdo: Ele prometeu umas “bofetadas” e, na verdade, elas não se prometem: “Elas” dão-se!

Então reparem só no anacronismo que seria se para um duelo, um daqueles à antiga e à séria, com espada e capote ou simplesmente um revólver, o ofendido (a maior parte das vezes um “corno”), temeroso e acagaçado, tendo em defesa da honra convocado o duelo, faltava ao prometido encontro! Quer dizer: “prometeu” vingar-se e vingar-se com honra e, finalmente, não compareceu! Já viram?” Bicorno “ ficaria com certeza mas, mais do que isso, com a reputação em tal estado que o usurpador do alheio, o comilão, passaria a deixar de ter quaisquer entraves para os seus repastos. É certo que este desgraçado e agora “bicorno” disto fisicamente não morreria, mas para a vida…já era!

Ou então no Farwest! Imaginemos que um pistoleiro, o que se queria vingar, não comparecia para um daqueles duelos marcados para o alvorecer! Qual pistoleiro qual nada, à primeira oportunidade seria pistolado.

Portanto, João Soares, V.Exª cometeu um grande erro: Prometeu!É que um prometimento é uma promessa vaga, alguma vez cumprível? Uma vaga ameaça, alguma vez realizável? É que ninguém pode ficar nessa incerteza: cumprirá ou não cumprirá? Cumpriria ou não cumpriria? Mas se não fosse para cumprir então porque prometeu? É que ninguém resiste a este impasse! De uma cena destas uma coisa eu tenho por certa: nem Eça, nem Camilo e nem mesmo Ramalho fariam fosse o que fosse. Nem uma linha escreveriam…

Não tinha outro caminho que não fosse o da demissão. E demissão por incompetência! Diz ele que “para honrar o seu apego à liberdade de expressão”! Isso é alguma coisa, João Soares? É que o prometido é devido e, para mais, sua Exª nem ao menos marcou o lugar, não informou onde o faria ou em que circunstância as tais “bofetadas” seriam dadas.

Nós queríamos saber era se V.Exª os convocaria para o seu gabinete ou se marcava encontro num Café qualquer, mas neste caso com uma ressalva: que o Vasco estivesse sóbrio! E, já agora, também muito gostaríamos de saber se V.Exª, assim muito cristãmente, também lhes ofereceria a sua face. Isso é que era!

Por isso eu sou a favor do regresso da “bengalada”! Mais eficaz e mais democrática. Como o outro, ou outros, também trariam as suas bengalas, ficaríamos a saber quem melhor uso faria delas…

Promessas de “estaladas”? Ora, João Soares, vá mas é bugiar…

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