Descansem: Não é a do Sr. Prof. Dr. Marcelo Rebelo de Sousa, apesar de ele fazer questão de fazer dela uma coisa unipessoal, mas a minha: a minha República, a de cá de casa! Que não é uma “república”, tipo aquelas de Coimbra, mas uma República onde há Democracia, consensos, regras, solidariedade, tudo o que queiram, mas há sempre quem esteja no topo do mando. Tem que ser!
Durante toda a vida esta Família, a minha, teve uma Presidenta, a Graciete que, por motivos de força maior, delegou em mim essa tarefa. A sua competência, a sua liderança, a sua força, a sua inexpugnável segurança e o seu fascínio não davam qualquer hipótese a outra qualquer candidatura!
E eu, que não ouvi atentamente o Sr. Presidente, pelo que do seu discurso ouvi e li, tão entusiasmado fiquei que resolvi fazer, para a minha própria República, uma interpretação, à maneira, do seu discurso! E dirigindo-me à minha nação, e mais aos que cá em casa estavam, eu disse:
O ano de 2016 foi um ano assim assim, nem bom nem mau, melhor do que esperávamos, mas muito pior do que desejávamos!
Mas que teve coisas boas: A primeira e irreversível é que Subsistimos! Depois não criamos dívidas, a pensão da Graciete não foi cortada e, uma boa notícia, o Vessatis passou a ser comparticipado: uma caixa que custava 100€ passou a custar cerca de 60! Uma boa melhoria, sem dúvida, e assim fosse também com a Assistência Domiciliária, a que não temos direito. Só temos pagando! E aqui os meus concidadãos da mesma República, os filhos, logo me advertiram: Pai? Que é isso? E os outros? E os que não podem? Nós ainda vamos podendo! Eu caturrei, disse que sim, que era verdade, e segui o meu discurso pensando: Que diabo! Como eu os eduquei, meu Deus! E pensei mesmo: esta coisa de ser solidário e compreensivo só dá prejuízo!
Mas continuando, a Graciete dentro do seu quadro manteve-se estável e, mesmo demissionária, é Ela quem preside sempre! E eu, também em 2016, fiz um favor a mim próprio e à República cá de casa: Ganhei juízo, abdiquei de algumas adições, perdi imenso peso e ganhei saúde, uma saúde necessária para enfrentar 2017, um ano muito mais exigente, sem dúvida.
Mas também teve coisas más: Não criamos dívidas, mas perdemos liquidez! Os nossos gastos “estruturais” continuam a ser pouco menos que incomportáveis, o Estado continua sem nos dar os apoios devidos – aí os meus filhos alertam-me novamente dizendo que há muitos outros com mais prioridade- e eu calo-me e apenas consigo dizer: Aguentamo-nos! E esse é o ponto!
O problema é mesmo 2017! É que eu, como Presidente desta República a que eu chamo de Unipessoal, mas é Unipessoal o caraças, exijo mais, muito mais. Exijo crescimento (da receita aqui de casa). Precisamos de crescer, claro, apesar de olhar à volta e ver que quem ainda poderá crescer são só os meus netos: a Mariana e o Pedro! Mas precisamos de crescer, é irrevogável, e tanto o é que não há quem o não diga. Mas eu, atento à realidade da minha República, observo e concluo que só posso crescer se poupar! E poupar ainda mais! E depois, analisando microeconomicamente a questão, apesar de assim de imediato não descortinar por onde poupar mais, chego a duas conclusões: A primeira é que tenho que deixar de fumar ( uma hipótese a ter em consideração, mas só na questão da poupança, porque se tiver que ir desta pra melhor com cancro no pulmão, como aconteceu ao meu Pai que tinha deixado de fumar há doze anos e está acontecer a um amigo meu que tinha deixado há treze…), e a segunda é que tenho que deixar de jogar no Euromilhões, mas esta com outro senão: Como poderei depois dizer “ Será Desta”?
Para não vos atormentar mais não vou falar da minha Reforma antecipada que já pedi em Outubro e nunca mais vem (63 anos de idade e 43 anos de descontos para a Segurança Social, mais três de Desemprego forçado), pelo que, se esta estiver demorada e só vier depois com retroactivos, esta minha República vai ter que se endividar. Haja então quem empreste, apesar do meu exíguo “rating”. Terei que dar garantias adicionais? Estão a ver o meu 2017?
Mas, mesmo assim, eu exijo consolidação das contas da minha particular República. Não dá para ir de férias para fora? Vai-se cá para dentro! Não dá para ir cá para dentro? Fica-se em casa, a apanhar sol na varanda, afinal o mar é ali tão perto, ou a vê-lo pela TV, sentindo o calor lá de fora e…afinal para quê Férias se eu vou estar Reformado? Aí eles dizem: Ó Pai, mas nós não estamos! Pois, esqueci-me que esta República é tudo menos Unipessoal!
…E que aquilo que eu possa desejar, mesmo tendo obrigatoriamente que ser alcançável, não depende só de mim, não depende só do meu querer ou desejo, da minha vontade ou falta dela, embora esta seja essencial…tenho que ter em conta factos exteriores a mim, os ponderáveis e os imponderáveis, os exógenos e os endógenos…e muito mais…
…Não é Sr. Presidente? Agora não eu, o verdadeiro! A quem eu digo:
Eu quero, tu queres, Ele quer, Nós queremos, Vós quereis e…ELES QUEREM? E no “Eles Querem?” é que está o verdadeiro Diabo!
Nota: Esta é uma abordagem metafórica da realidade, mas mesmo sendo metafórica, não deixa de ser a Realidade!
Que o 2017 se consiga transformar no que de melhor dele esperamos…