CONTOS VELHOS RUMOS NOVOS…

Este é o título de um dos primeiros Álbuns do ZECA AFONSO logo a seguir a Baladas de Coimbra e Outras Canções, datado de 1969 e que configura, talvez, o primeiro grande passo da transformação e no Novo Rumo da Música Portuguesa! Aí encontramos temas como São Macaio, Qualquer Dia, Vai Maria Vai, Deus te Salve Rosa, Lá Vai Geremias, Era de Noite e Levaram, Já o tempo se Habitua e a Cidade ( poema de Ary dos Santos). Todos temas que permanecem na nossa memória colectiva, que moldaram os nossos gostos, que nos sobressaltaram, que nos encorajaram, que nos ensinaram que há sempre algo para além do estabelecido, para além da cultura e do pensamento dominantes, que há sempre algo novo que nos pode arrebatar e que nós, os daquela geração, celebramos e continuamos a celebrar porque, realmente, configurava um NOVO RUMO!

 

Agora também ouvimos falar de RUMOS…o PS fala de ” Novo Rumo” o PSD de qualquer coisa como ” Rumo Novo”….Mas antes, sabÍamos que o Sistema estava falido e anacrónico e ansiávamos por um Novo Rumo, como enfatizava Zeca Afonso…agora estas palavras transformadas em ” Slogans” não fazem qualquer sentido e definem apenas o desejo de fazer diferente mantendo o mesmo ” Status Quo”! Dizem diferente mas fazem igual! Exactamente igual!

 

ZECA AFONSO na sua ” UTOPIA” perguntava : ” Será que existe lá para os lados do Oriente, este rio, este rumo, esta gaivota, que outro fumo deverei seguir na minha rota…”. Na ” UTOPIA” ele procurava um caminho, um rumo e uma rota, mas no sentido e pressuposto de encontrar uma ” Cidade sem muros nem ameias… com gente igual por dentro e gente igual por fora…uma Capital da alegria…e o Homem que olha  nos olhos que não nega, o sorriso forte e justo…o Homem para quem nada disso custa…e que lança o seu desafio…”.

 

Tendo isto em conta só poderemos concluir quão vácuos são estes lemas do ” Novo Rumo” do PS ou o ” Rumo Novo” do PSD, sendo a mesma coisa, definem fatalmente o mesmo rumo: o da aceitação, o da resignação, o da subserviência, o do encolhimento e o do esquecimento. ESQUECIMENTO, é isso!

 

Se há algo que me repugna e que merecia muita, mas muita mais ponderação, acompanhamento, atenção e exposição é o esquecimento e alheamento de todos aqueles que ficaram para trás : as vítimas, os efeitos colaterais do ” ajustamento”. Eu não páro de pensar neles e de como neles ninguém mais pensa quando, no meu entender eles, os excluidos e esquecidos, deveriam ser a primeira prioridade, a primeira preocupação de qualquer Governo digno sesse nome. De qualquer Runo Novo ou Novo Rumo.

 

Como é possível,? Como é possível que milhões de pessoas estejam no limiar da pobreza e não serem tidos em conta? Como é possível dezenas de milhares de casais estarem desempregados e sem qualquer rendimento e serem esquecidos? Como é possível haver centenas de milhares de desempregados que já desistiram de procurar emprego e sem qualquer horizonte na vida que não seja a emigração?Ainda por cima quando muitos dos países receptores estão a promulgar leis anti- emigração? E os que já lá estão ainda são a favor? Como é possível? E como é possível uma Sociedade dita avançada olhar complacente e indiferente para  o que se vem passando em Lampedusa e Medilla? Como é possível?

 

Como é possíivel tanta insensibilidade e abstração? Em nome de quê? Como é possível tanta ausência de solidariedade? Como é possível as ” Isabeis Jonets” deste mundo proferirem frases tão desprezíveis…Como é possível? Os ” Novos Rumos” ou os ” Rumos Novos” falam disto? Faz parte da sua agenda? Não!… Já não tenho paciência, Porra!

 

Tirem-me de uma vez deste filme, deste País, desta Europa e deste Mundo…caraças! Que é feito dos Homens? Que é feito dos Estadistas e dos Pensadores? Deixaram de pensar, de ter sentimentos e sentido de justiça? São, agora, todos egoístas? Fazem todos parte da grande massa dos resignados? Fazem parte de todos aqueles, os sobreviventes, os que possuem cobertura e almofada e que dizem : ” que se lixem os outros… desde que eu esteja bem…”. Ou dos que dizem : ” … sempre houve ricos e pobres…é a vida….” ?

 

Porra, pá : não aguento mais! Novo Rumo? ” Bardamerda” com os Rumos desta gentalha! Vão todos… Vão e vão depressa…

 

Estou farto. Estou farto que me digam que eu e vocês estamos endividados perante os credores. Os oficiais e os desconhecidos. Não é verdade, porra! Eu nunca pedi nada a nenhum credor internacional. Quem pediu dinheiro a essas seitas foi a Banca e não eu. A Banca emprestou-me eu pago à Banca. A Banca que pague a quem pediu, que diabo! Emprestou à ” tripa forra” ? Que assuma a responsabilidade. Que paguem os seus accionistas. Ou só são bons gestores quando ganham e recebem bons dividendos? Eu não devo nada, porra! O Estado gastou o que não devia? Comprou Submarinos? Que negocie a dívida! Que é que eu tenho que ver com Submarinos? Com Corvetas, com Tanques de Guerra ou Aviões? Com Resorts de luxo, Campos de Golfe ou Metralhadoras? Com Hospitais, Estradas ou Escolas, ainda vá que não vá, pois aí sou utilizador… quando ao resto? Que pague quem comprou e recebeu dividendos. Porquê eu?

Querem um “ Novo Rumo”? Ou será que querem “ CONTOS VELHOS”?

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