Assim com “ aspas “ porque a frase não é minha mas sim o título de um livro que vai ser lançado e da autoria de Miguel Relvas e de um tal Paulo Júlio. Vai ser lançado…
E anunciam também que vai ter prefácio de José Maria Aznar, um antigo político espanhol, um dos “videntes” das aparições das Lages nos Açores, agora convertido em “ santo” de uma igreja qualquer que ele inventou e vai ser apresentado por José Manuel Durão Barroso, outro dos “ videntes”, agora transformado em pessoa mais sincera desde que, com os bolsos atulhados, saiu da Comissão Europeia. E que vai ter como testemunhas os já costumeiros destas andanças, a saber: Marques Mendes, Pedro Santana Lopes, Marcelo Rebelo de Sousa e ainda uma novidade chamada Fernando Ruas, o tal que, mesmo passando-se inexoravelmente os anos, consegue manter sempre intacta as cores dos seus cabelos e bigode. Vai ser lançado…
Mas, apesar desta minha escrita um pouco para o jocoso, eu até acho perfeitamente natural que, tratando-se do que invariavelmente sempre se trata, ele também utilize este meio, que outros também têm vindo a utilizar, como facilitação da sua reintegração na vida pública depois de lá ter saído pela esquerda baixa. Que como também temos verificado se tem mostrado de uma eficácia insofismável…!!!
Veja-se o caso de Sócrates : ele e o amigo, diz-se, parece que compraram uns largos milhares de exemplares do seu livro para fazer crer que foi lido. Veja-se também o caso de Passos Coelho: a editora, mancomunada com o “I” e o “Sol”, para desvanecer o autêntico “ flop” que mostra ser, andam aí a promover ofertas do livro em troca de chamadas de valor acrescentado. Essas mesmas chamadas hoje transformadas nessa excrescência demencial que ocupa as TV’s generalistas tardes e tardes…
Mas há que escrever um livro! Toda a gente escreve livros, não é? Eu vou aqui aos Correios e os balcões de atendimento estão atolados de livros, livros e mais livros e estão transformados em autênticos escaparates. De quê? De receitas de culinária e autobiografias. Não há bicho pintado ou figura pública, ou dita figura pública, que não lance um livro sobre a “ sua” culinária dos “outros”, sobre a vida aqui a além e a mãe do Portas tem sempre lá uns quantos, aí um por semana e sempre a sorrir. Só o Portas ainda não tem, mas tem a mãe por ele, mas o Relvas ainda não tinha.
Mas de que versará o livro afinal, estou curioso em saber porque, em definitivo, o não vou ler? Segundo o título prometido parece querer falar do lado mais íntimo da governação, das lutas internas pelo poder talvez e sobre as lutas titânicas por eles travadas dentro e fora do governo para a implementação dessa grande, enorme e definitiva Reforma da Administração Local, a Reforma das Reformas por eles levada a cabo e que conseguiu esse feito milagroso e quase a roçar o Bíblico : que o nome da minha freguesia de nascimento se tivesse transformado em três e a onde moro idem, idem, aspas, aspas…
De modo que em sendo apenas isto eu ficarei deveras desiludido porque, ao ler o título, sempre pensei que ele viesse versar sobre as manobras de bastidores onde ele era peça sempre de superior importância, digamos que um “bispo” do xadez, das viagens de promoção de negócios com os seus amigos onde era também sempre uma peça fundamental, digamos que um “ cavalo” ou nas suas deambulações para todos os lados, pra a frente e para trás, para um lado e para o outro e como só uma “ rainha” consegue, nos casos das privatizações. Ou então das razões pelas quais foi obrigado a demitir-se quando, mesmo assim, levou “ cheque mate”.
Mas não, não será dessas coisas que ele versará, de certeza. Mas continuo mesmo assim curioso e vou esperar que o Pacheco Pereira o comente na Quadratura do Círculo, pois ele vai lê-lo aposto, ou que os jornais apresentem citações para constatar o que vão testemunhar o Santana, o Mendes, o Marcelo e o outro também. Que vão dizer dele? Que é e sempre foi um grande empreendedor, um notável lutador que subiu a pulso na vida mas sempre com métodos escorreitos e limpos? Que sempre foi amigo do amigo e foi inestimável o contributo que deu, com o seu arrojo e pundonor, ele mais o Marcantónio, para a eleição do Passos? Que tirou uma licenciatura de modo louvável pois advinda de conhecimentos não testados mas adquiridos? Que sempre foi um homem de causas e que só veio para a política para a dignificar? Se não for isto o que vão testemunhar então?
Mas se não for apenas aquela reforma, conhecida pela reforma das freguesias e em que, tendo acabado com muitas, conseguiu que muitas que ficaram tivessem ficado com longuíssimos e estranhos nomes, “ o outro lado da governação” só nos pode conduzir para o tal lado negro, o da luta pelos cargos e seus nomes e que, segundo Álvaro Santos Pereira, que também escreveu um segundo livro mas não foi por nenhum dos citados nomes apadrinhado, tinham e têm sempre por epicentro Paulo Portas, essa autêntica “ Dalida” por ter aquele imã que tem levado muitos ao suicídio ( político, bem entendido) ou, melhor ainda, essa enigmática “ MATA HARI” que…e deixo à vossa imaginação este “ que “!
Mas pode ser que ele nos venha a surpreender e nos venha explicar aquela orgânica que ele ajudou a implementar no governo, aqueles assessores sem fim, os motoristas somados, as secretárias multiplicadas, aqueles especialistas em comunicação todos que ele contratou para os gratificar por aquele superior trabalho que fizeram nos “ fóruns” das rádios para denegrir o Sócrates etc. etc e etc, mas temo que não. O livro deverá ser assim como uma auto glorificação, assim como o Passos fez ao Dias Loureiro e que sirva de porta giratória para a sua impante entrada no mundo do Poder. Deverá ser. E vai ser lançado…
Porque, e já agora, ter um prefácio de Aznar é assim como o alcançar de um topo. Quem não desdenhará? Um prefácio de um “ santo”, seja de que igreja for e, ainda e para mais, de um “ vidente”? E uma apresentação de Durão Barroso? Um outro dos “ videntes”? Não são eles dois dos “ videntes” dos nossos tempos? Não viram eles armas de destruição massiva onde ninguém mais viu mesmo que especialistas? Não, não é para qualquer um nem para qualquer bolsa. Será que lhes vai pagar?
Ao lança-lo a Porto Editora sai engrandecida de responsabilidade. Oxalá não se arrependa e depois tenha que vir fazer “ rifas”…
Quanto a mim, como não o vou comprar nem ninguém mo vai oferecer, não vou poder lança-lo…mas lançava-o com todo o prazer!