A propósito do slogan de Trump “ To make America great again”, isto é, a potência hegemónica mundial que outrora já foi, pelo menos de uma parte do mundo, como aconteceu nas décadas anteriores à queda do muro de Berlim e que o surgimento e evolução da globalização ajudaram a mitigar, simultaneamente com o desbaratar dos superavits orçamentais deixados por Clinton completamente pulverizados pelos Busch em guerras catastróficas que conduziram aos chamados deficits gémeos e à sequente dependência financeira perante a China que detém 40% da sua dívida pública, ainda a propósito de uma possível aliança com Putin de modo a que, ao contrário do que acontecia durante a chamada “cortina de ferro”, sejam eles a dividir os poderios zonais e isolando a Chima, eu lembrei-me de uma velha canção que aprendi pela voz de Pete Seeger, mas que foi escrita por Tom Paxton em 1964, em plena guerra do Vietnan, portanto, e nesse período em que a América se julgava dona do mundo e os americanos o seu centro e seres superiores.
E lembro-a para, apelando ao seu sentido e actualizando-o nos tempos, nos darmos conta da deturpação, da mentira, da mistificação e do engano com que os “midia” têm tratado questões como a da Síria em geral e Aleppo em particular, mostrando estar ao serviço de interesses obscuros mas, ao mesmo tempo, claros: ao serviço da hipocrisia de quem apela à revolta dos povos contra os tiranos, mas que estando ao serviço das indústrias de armamentos e outras que tais, prometendo-lhes a liberdade e a democracia o que no final lhes dão é guerra, destruição, sofrimento e morte. E não vemos uma posição clara dos “mídia” de denúncia deste horror, antes pelo contrário. Como se para isso fossem ensinados…
É da mentira do que lhes ensinavam e do que lhes ensinam nas Escolas que resulta a perplexidade minha e de muitos perante o desconhecimento do mundo e da sua história por parte de uma grande massa de Americanos médios que, aliando o seu desconhecimento a um exacerbado nacionalismo e patriotismo, que fazem deles seres egocêntricos e individualistas que só reconhecem e conhecem o seu pequeno território ou estado, vem o essencial apoio a gente como Trump, bem como a outros líderes da extrema direita emergentes na Europa, o que remete, sem dúvida, no meu entender, para o que lhes ensinam e aprendem nas Escolas.
Ensinam-lhes que eles, os Americanos, donos de todos os “super Heróis” da Marvel, sempre foram os salvadores do mundo e mesmo tendo perdido guerras, como as do Vietnan, Afeganistão ou Iraque, nem por isso deixaram de o pensar e daí tirarem as suas ilações. A América só existe para fazer o bem e, mesmo perdendo, eles são heróis.
É esta America “great again” que Trump quer de volta, a dos Americanos que nunca perdem. E a minha e nossa perplexidade tanto maior é quando, reconhecendo ser a América o maior fazedor de elites nas áreas das ciências e do conhecimento, elas próprias são depois engolidas por um “sistema” de dependências que lhes tolhem a liberdade de escolha. Refiro-me às multinacionais e ao sistema segregacionista do salve-se quem puder e vença-se a qualquer custo. E tudo isto com uma naturalidade que arrepia, como a eleição de Trump…
Mas há uma outra América, uma América letrada e progressista, que não vive de costas voltadas para o mundo, mas que vive nas costas, tanto este como leste, que vota Democrata e que é crítica deste sistema, do qual resulta uma América dual, mas se sente impotente perante tanto autismo.
É pungente para mim que, mais de cinquenta anos depois, se constate que, mesmo aqui em Portugal, em colégios privados e elitistas, se ensine o egoísmo e não a solidariedade, a supremacia racial e de estatuto social e não a integração e a igualdade e que, no fundo, nada se aprenda com a História!
O QUE APRENDESTE HOJE NA ESCOLA, meu menino? (Tradução livre e minha)
O que aprendeste hoje na Escola , meu querido menino?
Aprendi que Washington nunca disse uma mentira
Aprendi que os soldados raramente morrem
Aprendi que toda a gente é livre
Foi o que o Professor me disse…É isso que aprendi hoje na Escola
E hoje, o que aprendeste hoje na Escola, meu querido menino?
Aprendi que os políticos são nossos amigos
Aprendi que a justiça nunca acaba
Que os assassinos morrem pelos seus crimes, mesmo que só cometam um erro, às vezes
Foi o que aprendi hoje na Escola…Foi isso que eu aprendi na Escola
E hoje, meu menino, o que aprendeste hoje na Escola?
Aprendi que a guerra não é assim tão má
Aprendi acerca do quão grandes nós fomos
Lutamos na Alemanha e na França
E que algum dia poderei ter a minha chance…é o que aprendi hoje na Escola
E hoje o que aprendeste na Escola, meu querido menino?
Aprendi que o nosso governo deve ser forte
Que está sempre certo e nunca erra
Que os nossos lideres são os melhores de todos
E assim os elegemos uma e outra vez, vezes sem conta…
Foi isso que aprendi na Escola hoje…Foi isso que aprendi hoje na Escola.